Ciro Gomes ao DCM: “Serei candidato em 2018 se o Lula não for”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 26 de junho de 2016 às 15:30

 

Ciro Gomes, pré-candidato à presidência pelo PDT, deu uma entrevista exclusiva ao programa do DCM na TVT.

Morando no bairro do Itaim, em São Paulo, reclamando da agenda pesada (tem viajado e palestrado por todo o Brasil; na semana seguinte iria a Washington), Ciro conversou comigo, com o diretor Max Alvim e com o apresentador Marcelo Godoy, o “Gogó de Ouro”.

Ciro, que nunca foi de facilitar com adversários e mesmo aliados, tem batido pesado no golpe. Temer e Cunha são seus alvos prediletos. “Chamei Cunha de ladrão na cara dele”, diz, gesticulando para mostrar a distância entre ele e o bandido na Câmara.

Ele, que já se definiu como “o homem da crise: quando dá merda me chamam” avisa que só não entraria na disputa em 2018 se Lula entrar. “Lula é maior do que eu”, diz ele, que não vê sentido em dividir os votos da esquerda. Ser vice de Lula está fora de questão, por ora.

Não há condescendência com Lula. Ele “deixou roubar”, governou com esse PMDB e é também responsável pela indicação de Michel Temer para o lugar de vice na chapa de Dilma.

O empate de Lula com Marina Silva nas últimas pesquisas de opinião é motivo de lamento e não de comemoração. “Ele quis brincar de Deus”, afirma.

Ciro havia sido convidado, juntamente com o ex-ministro Bresser Pereira, para defender Dilma na comissão do impeachment no Senado. O depoimento deles foi cancelado.

“Eu não ia lá para brigar”, garante ele. Esse estilo, o mundo sabe, atrapalha sua ambições. Mas é mais forte do que ele.

Ele continua mantendo uma relação de conselheiro de Dilma. Se ela acata seus conselhos, são outros quinhentos. Aparentemente, não. Quando Michel Temer vazou sua carta idiota para um jornalista amigo e a conspiração saiu definitivamente do armário, Ciro conta que sugeriu a ela: “Liga pra ele aí e diz que vamos partir pra cima”.

Nada foi feito. Segundo Ciro, ele tem cópias de processos de Temer, a quem atribui um histórico de corrupção desde tempos imemoriais.

“O cara colaborou com os americanos. Tá no Wikileaks”, afirma. “Puta que o pariu, o Barão do Rio Branco deve estar se contorcendo no túmulo”.

O plebiscito por novas eleições é uma “marinice”. Além da necessidade de uma PEC, “qualquer deputado, senador ou mesmo um cidadão, que se sentir prejudicado pela interrupção dos mandatos, pode ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal, que seria obrigado a intervir”.

Considera que a batalha no Senado não está perdida, apesar da ofensiva do interino com trocas de cargos e outras propostas.

Nutre uma admiração genuína por Dilma, uma pessoa “limpa” e “correta”. Sua briga é pela democracia. Sempre deixou claro, contudo, que se inclui entre os traídos com o segundo mandato. Sobre a dificuldade de  Dilma de fazer política, é direto: “Ela não é do ramo”.

“Quando um golpe acontece, tudo fica à margem da lei. Como é que um ministro do Supremo faz discurso politico proibindo presidente de nomear ministro? O cara nem é réu”, diz, referindo-se a Gilmar Mendes e Lula.

“Acho improvável prender o Lula. Não tem culpa”, diz Ciro. “A solidariedade é o seguinte: eu quero formar um grupo de juristas e se eu entender que o Lula está sendo vítima de uma arbitrariedade, a gente vai lá, sequestra ele e entrega pra uma embaixada”.

Aécio está “morto”. Serra, nem tanto, em sua visão. E Ciro?

Outros trechos da entrevista serão postados ao longo da semana. O DCM na TVT passa aos domingos às 20h.