
O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes comunicou nesta sexta (17) à direção do PDT que está deixando o partido após nove anos de filiação. A decisão encerra uma trajetória marcada por duas candidaturas presidenciais e por divergências crescentes com a cúpula pedetista, especialmente após a aproximação do partido com o governo do presidente Lula.
Segundo a coluna de Bernardo Mello no jornal O Globo, Ciro avalia agora se filiar ao PSDB ou ao União Brasil para disputar as eleições de 2026 em oposição ao PT. Ele entregou uma carta formalizando sua saída ao presidente do PDT, Carlos Lupi, na manhã desta sexta.
Apesar disso, lideranças do diretório nacional afirmam que o pedido de desfiliação ainda não foi protocolado oficialmente. Em conversas reservadas, porém, admitem que a saída é “irreversível” e apenas uma questão de tempo. Lupi não se pronunciou sobre o assunto.
Filiado ao PDT desde 2015, Ciro foi o principal nome do partido em duas eleições presidenciais consecutivas. Em 2018, obteve cerca de 13 milhões de votos, conquistando o melhor desempenho da sigla desde Leonel Brizola em 1989 e contribuindo para eleger 28 deputados federais.
Já em 2022, o resultado foi o oposto: com apenas 3% dos votos válidos, Ciro registrou seu pior desempenho eleitoral e o PDT viu sua bancada na Câmara cair para 17 parlamentares.

Nos últimos meses, Ciro vinha expressando insatisfação com o rumo do partido. Criticou a entrada do PDT na base aliada do governo Lula e a condução da política no Ceará, onde a legenda também se aproximou do PT. O ex-ministro se disse “infeliz” com o que classificou como “submissão ao lulismo”.
Embora tenha cogitado se afastar da política após a derrota de 2022, Ciro vem articulando uma possível candidatura de oposição ao PT nas próximas eleições. Interlocutores próximos afirmam que ele estuda disputar um cargo majoritário (o governo do Ceará ou uma candidatura nacional) representando um campo de centro-direita não alinhado ao bolsonarismo.
Um dos possíveis destinos de Ciro é o União Brasil, partido que reúne ex-aliados e antigos adversários do pedetista. A legenda, que faz oposição ao PT no Ceará, recentemente recebeu o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, aliado histórico de Ciro. Em agosto, o ex-ministro chegou a participar em Brasília do evento que selou a federação entre o União Brasil e o PP, reforçando os rumores de aproximação.
Outra opção avaliada é o retorno ao PSDB, sigla pela qual Ciro foi eleito governador do Ceará em 1990. Ele mantém boa relação com o ex-senador Tasso Jereissati, um dos principais nomes tucanos no estado, e interlocutores afirmam que essa aliança histórica pode facilitar sua volta ao partido.
A escolha da nova legenda deve ser definida nos próximos meses, mas Ciro já deixou claro que seguirá na política com um objetivo: “enfrentar o PT em 2026”.