Ciro repete erro e insiste no “Plano Paris”. Por Fernando Brito

Atualizado em 27 de fevereiro de 2021 às 19:00
Ciro Gomes. Foto: Sérgio Lima / Poder 360

Originalmente publicado em TIJOLAÇO 

Por Fernando Brito

Em entrevista à Folha, o ex-ministro Ciro Gomes declarou, cruamente, o que é a sua prioridade para 2022 e como é ilusão a conversa de que estaria disposto a formar uma “frente” de esquerda para as próximas eleições presidenciais.

É melhor que você leia, antes que eu faça meus comentários:

Nesse quadro de hiperfragmentação [de candidaturas], quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem tendência de ganhar a eleição. O menos capaz disso é o PT. Por isso, a minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno“.

É o “vou para Paris de novo” , com passagem marcada com quase dois anos de antecedência, assim como fez em 2018, porque considerou – como ainda considera – Jair Bolsonaro um “mal menor” que os petistas.

Não é porque o “menos capaz” de enfrentar Bolsonaro seja o PT, porque Fernando Haddad conquistou – e sobre ele, Ciro, diretamente – este lugar nas eleições passadas.

Ciro, acima de tudo, segue fazendo um movimento político eleitoral obtuso, que repele a possibilidade de alianças à esquerda e que se abeberar do eleitoral antipetista, onde, é claro, não dá nem para a saída com Bolsonaro.

É que Ciro tem aquilo que diz enxergar – e abominar – em Lula: um projeto exclusivamente pessoal. É ele que se comporta como o que diz ser a prática do ex-presidente que, segundo ele, “faz as coisas sem consultar ninguém, joga só, é o Pelé”.

Claro que Ciro tem todo o direito de ser candidato, de disputar a hegemonia no campo progressista – se é neste que quer estar, mesmo com suas incursões do carlismo e ao PSD – e até o de se achar o melhor nome para enfrentar Jair Bolsonaro.

Mas mostrou de novo, como fez em 2018, que não é capaz de ter a dignidade que teve Leonel Brizola em 1989, quando, perdendo para Lula a chance de disputar o 2° turno contra Collor, não deixou de lado seu dever para com o povo brasileiro e apoiou Lula, com quem tinha muitas diferenças – e até várias trocas de asperezas – para tentar evitar o que seria um desastre para o país.

Grandeza que, sei bem eu, têm a maioria de meus velhos companheiros de PDT.