Ciro se transformou numa farsa piorada de si mesmo. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 18 de outubro de 2019 às 16:32
Ciro Gomes. Foto: Reprodução/Twitter

Talvez tenha sido eu, em toda a mídia progressista, quem mais tentou avisar sobre a natureza política – e de certa forma, pessoal – do então candidato a presidente nas eleições de 2018, Ciro Gomes.

Por diversas vezes alertei sobre seu temperamento explosivo, seu viés autoritário, seu posicionamento machista, seu caráter intolerante e, pior do que tudo, seu DNA protofascista forjado nos tempos em que despontava como jovem promessa no PDS, o partido que aglutinou boa parte da escória da ditadura militar brasileira.

Derrotado miseravelmente no primeiro turno, não demorou para que sua verdadeira face, mantida semioculta sabe-se lá a qual custo, se mostrasse de vez sem qualquer maquiagem de ocasião.

Oficialmente eliminado da campanha, sua primeira decisão fez jus aos mais convictos dos covardes: fugir.

Abandonando o seu país e com ele, inclusive, todos aqueles que de boa-fé tinham dado sua confiança, flanou alegremente pela cidade-luz enquanto todos os democratas desse país lutavam diuturnamente contra um inimigo comum.

Ciro se refestelava.

Uma vez de volta, nova decepção para aqueles que ainda acreditavam numa suposta aura de estadista. Como um Pôncio Pilatos da era moderna, Ciro simplesmente lavou as mãos frente a disputa entre a democracia e a barbárie.

Daí para frente, foi só ladeira abaixo.

Esculhambou com antigos aliados, difamou partidos políticos, menosprezou lideranças sociais e, na sua peculiar educação no uso da língua portuguesa, chegou a chamar de “bosta” um religioso e intelectual da envergadura de Leonardo Boff.

Ciro Gomes nunca foi tão ele.

Mas eis que na sua cavalgada tresloucada de ódio e rancor, outros terrenos pouco explorados na sua trajetória política foram abertamente desbravados.

Sem sequer se ruborescer, atacou de forma vil dois dos mais importantes sites na luta e resistência pela retomada da democracia desse país: DCM e Brasil 247.

As mentiras e calúnias que regurgitou desavergonhadamente sobre dois grandes jornalistas com décadas de experiência na imprensa brasileira, Kiko Nogueira e Paulo Moreira Leite, mais do que a básica busca de reparação judicial, mereceu repúdio generalizado de órgãos e colegas que se sentiram, com toda justiça, igualmente atacados.

E aqui é preciso atentarmos aos que silenciaram sobre esse caso. Simplesmente não são melhores do que aqueles que atacam a imprensa livre.

Omissos à parte, o fato é que Ciro Gomes vai incluindo ornamentos novos a sua imagem já desgastada.

Intencional ou não, é uma espécie de tentativa desesperada de se manter em evidência quando cada vez mais perde o respeito de um lado a outro do espectro político.

Na sua mania de grandeza e autoridade, finge-se de gigante enquanto gente comum precisa olhar para baixo para enxergá-lo.

Quase dá pena.

O que estamos presenciando com um político que poderia ter construído o seu lugar ao sol na história democrática desse país, é basicamente a concretização do pior destino que um político poderia ter: se tornar uma versão pior daquilo que já representa