Citado por Heinze na CPI, estudo de Nobel não prova eficácia de ivermectina contra covid-19

Atualizado em 24 de junho de 2021 às 16:15
Luis Carlos Heinze. Foto: Reprodução/DCMTV/YouTube

O senador Luis Carlos Heinze (Progressistas), o “Rancho Queimado” da CPI da Covid, voltou a mentir em sessão com o professor Pedro Hallal. Citou Satoshi Omura nesta quinta (24) para defender “tratamento precoce”, além de Didier Raoult.

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Uma checagem do Projeto Comprova publicada em 19 de maio de 2021 mostra a mentira que envolve a defesa desse estudo de Omura.

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Seguem alguns trechos:

“São enganosas as afirmações feitas pelo deputado federal Bibo Nunes (PSL) em defesa do uso da ivermectina contra a COVID-19 em uma live realizada no seu perfil no Facebook em 26 de abril. Ele apresenta o estudo ‘Global trends in clinical studies of ivermectin in COVID-19’ (Tendências globais em estudos clínicos de ivermectina para COVID-19, em tradução livre), que tem entre os autores Satoshi Omura, vencedor do Prêmio Nobel de medicina em 2015 pela pesquisa que levou ao descobrimento do remédio.

O estudo tem falhas, como usar dados postados na plataforma ivmmeta.com, um site informal sem nenhum valor de publicação científica, como mostra essa checagem feita pelo Estadão Verifica. Além disso, os próprios autores afirmam que, embora os ensaios clínicos venham mostrando dados positivos, ainda não há estudos que expliquem esses resultados. Por isso mesmo, pedem uma cooperação internacional para acelerar as pesquisas sobre o uso da ivermectina em pacientes com COVID-19.
Ao contrário do que afirma o deputado, não é verdade que ‘a ivermectina não tem efeito colateral; só faz bem’. Segundo a bula do medicamento produzido pela Vitamedic, sua ingestão pode causar ‘reações adversas leve e transitória’, que são ‘diarreia, náusea, falta de disposição, dor abdominal, falta de apetite, constipação e vômitos’. Ainda de acordo com a bula, ‘também podem ocorrer: tontura, sonolência, vertigem, tremor, coceira, lesão de pele até urticária, inchaço na face e periférico, diminuição da pressão arterial ao levantar-se e aumento da frequência cárdica’. Ainda há registros de hepatite medicamentosa por uso do chamado ‘kit COVID’, que inclui a ivermectina.
A própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou em comunicado que as ‘indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula’ – ou seja, não incluem o combate ao coronavírus. E, em 16 de maio de 2021, a Folha divulgou informações sobre o documento ‘Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com COVID-19’, que foi elaborado pelo Ministério da Saúde após revisão de estudos com especialistas e que não recomenda o uso de ivermectina, cloroquina e azitromicina, entre outros medicamentos para tratamento de pacientes hospitalizados com COVID-19″.