Ciúme doentio de Lula explica por que FHC se lixa para a democracia. Por Luís Felipe Miguel

Atualizado em 20 de outubro de 2018 às 19:19

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Eu tenho uma teoria – é psicologia de boteco, mas vá lá – sobre o FHC.

O cabra está com 87 anos. Tem uma vida confortável – segundo alguns, desfruta até de um belo apartamento no coração de Paris. Não é razoável que ele aja motivado por obter cargos ou prebendas do futuro governo.

Está numa idade em que se costuma pensar na imagem que ficará para a posteridade. Então como se explica sua vacilação em se colocar do lado da democracia no segundo turno?

Ele, que certamente sonhava em ser lembrado ao lado de Florestan Fernandes ou Otávio Ianni, agora está aceitando passar à história como correligionário de Olavo de Carvalho?

Importantes intelectuais do mundo todo têm pedido que FHC declare apoio a Haddad, o que mostra que, lá fora, ele ainda engana. FHC nem dá bola. Está disposto a jogar fora o que resta de seu prestígio internacional.

Por quê?

Tenho para mim que é o ciúme inesgotável que ele sente de Lula.

Na sua vaidade, FHC fantasiava passar à história como o presidente que modernizou o país e que estabilizou a moeda. Talvez não tivesse a dimensão de Getúlio, mas estaria no segundo pelotão, com destaque.

Só que hoje é óbvio que o lugar de FHC na história do Brasil é basicamente o de antecessor de Lula. É um dos Fernandos que vieram antes de Lula – e só.

Ele deve imaginar que um governo fascista não apenas manterá Lula encarcerado como fará tudo para destruir seu legado.

Mas, com seus erros e com seus acertos, Lula tem seu lugar garantido como o maior líder popular da história do Brasil e o presidente que pôs em marcha a mais ambiciosa política de combate à pobreza extrema no país.

E FHC, agora, será lembrado não só como antecessor, mas sobretudo como traidor da democracia.

Maquiavel, que FHC bem conhece, dizia que o príncipe busca a glória, isto é, ser lembrado pelas gerações futuras. Mas pode encontrar, em seu lugar, o opróbrio: ser lembrado como um líder torpe e indigno. É esse o caminho do príncipe da sociologia.

Não que seu apoio tenha grande importância eleitoral. Pelo contrário.

Mas é interessante observar como a vaidade, frustrada, leva ao ódio. E como o ódio, tornado doentio, sabota até a vaidade.