
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disparou críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por sua tentativa de mediação na crise das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. “É um desrespeito comigo”, afirmou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se encontra nos Estados Unidos desde março.
“O Tarcísio utilizou os canais errados. O filho do presidente está nos Estados Unidos. O Tarcísio não tem nada que querer costurar por fora uma decisão que provavelmente vai chegar a mais um acordo caracu”, disse Eduardo, em tom irritado, sobre a possibilidade de o acordo ser negativo para o Brasil.
O parlamentar foi enfático ao reivindicar sua posição privilegiada: “Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty”.
Sobre seu futuro político, Eduardo revelou que “provavelmente” abrirá mão do mandato na Câmara, cuja licença vence na próxima semana. “Se for necessário, eu não volto, não. E não vejo a possibilidade de eu voltar, porque, se eu voltar, eles chamam para me prender”, justificou.
Como alternativa, mencionou uma proposta do deputado Evair de Melo (PP-ES) que permitiria votar remotamente, similar ao sistema adotado durante a pandemia.

Impeachment de Tarcísio?
O desembargador Alfredo Attié, presidente da Academia Paulista de Direito (APD), avaliou que as recentes ações do governador de SP, em relação à crise das tarifas estadunidenses podem configurar crime de responsabilidade, abrindo caminho para um processo de impeachment. A análise foi feita após o bolsonarista tentar intermediar negociações com os Estados Unidos sobre as sobretaxas de 50% impostas ao Brasil.
“Querer negociar com governo estrangeiro, em nome do país, é uma iniciativa que usurpa função constitucional que cabe à União e pode configurar crime de responsabilidade”, afirmou Attié em suas primeiras impressões sobre o caso em depoimento enviado à Folha de S.Paulo.
Após o encontro, Tarcísio se gabou de tomar a atitude em publicação nas redes sociais. A primeira reação do governo foi ententeder que a reunião não tem efetividade direta sobre a crise diplomática.
Eduardo, Zema e Tarcísio
Questionado sobre críticas de aliados, como os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e o próprio Tarcísio, Eduardo minimizou as divergências. “O Zema e o Tarcísio vieram a falar isso depois de declarações iniciais, muito mais firmes, e vieram a falar isso provavelmente depois de conversas de telefone”. Ele atribuiu a mudança de postura a pressões do STF sobre empresários e políticos.
O deputado manteve sua postura radical ao defender as tarifas de Trump como instrumento de pressão sobre o ministro Alexandre de Moraes. “O que não é benéfico para o país é continuar jogando velhinha na cadeia. O governo americano tem muito mais instrumentos mais sensíveis do que tarifa de 50%”, alertou, citando como exemplo medidas já aplicadas contra a Rússia.
Sobre sua possível candidatura presidencial em 2026, Eduardo condicionou a inscrição ao pleito ao STF. “Só se o Moraes for sancionado. Senão não tem como”. Ele justificou: “Por que eles estão querendo me prender? Por que o Jair Bolsonaro está inelegível?”, questionando o que chamou de “perseguição política” pelo Judiciário.