
Após o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmar que estava “sozinho” no combate ao crime, o Ministério da Justiça reagiu, divulgando uma nota oficial em resposta às declarações mentirosas. O bolsonarista havia criticado a gestão de Lula e acusado o petista de não atender aos pedidos para utilização de blindados em operações no estado.
Em resposta, o governo federal afirmou que, desde 2023, tem colaborado com a segurança do Rio de Janeiro de maneira contínua, por meio da Força Nacional de Segurança Pública e outras ações de apoio à segurança estadual.
“O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do Governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual. Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP no território fluminense. Todas acatadas”, disse a pasta.
Castro disse que pediu empréstimo de veículos blindados três vezes ao governo federal e disse que todos foram negados. “Tinha que ter GLO [Garantia da Lei e da Ordem], e o presidente é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, afirmou.
O Ministério da Justiça ainda disse que, em 5 de fevereiro deste ano, o governador recebeu 10 vagas em presídios federais para alocar líderes do tráfico de drogas do Rio e que a Polícia Federal, em 2025, realizou 178 operações no estado, resultando na prisão de 210 pessoas e na apreensão de mais de 10 toneladas de drogas e 190 armas de fogo.
“Esses números refletem o esforço contínuo da Polícia Federal no enfrentamento ao crime organizado e na redução do poder bélico das facções criminosas”, prosseguiu a pasta.

Castro reclamou da postura do presidente Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF), mencionando a ADPF 365, que limitou as operações policiais durante a pandemia e que, em sua visão, teria facilitado a entrada de líderes do tráfico de outros estados no Rio.
Segundo Castro, a medida da Corte impôs restrições ao trabalho das forças policiais, e ele acredita que o governo federal não prioriza a segurança pública do estado, resultando em uma “falta de foco” no combate ao crime.
As declarações foram dadas em meio à operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou ao menos 64 mortos e 81 presos. O objetivo da ação é desarticular o Comando Vermelho (CV), uma das facções criminosas mais poderosas do estado.
Além das apreensões de drogas e armas, o governo federal tem investido em outras áreas, como o sistema penitenciário e a inteligência financeira, com a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), que visa a desarticulação financeira das organizações criminosas.
O investimento também tem sido direcionado ao fortalecimento de operações conjuntas para capturar foragidos, com o desenvolvimento de ferramentas e estratégias para identificar e prender criminosos de outras partes do Brasil que se refugiam no Rio de Janeiro.
Leia a nota do Ministério da Justiça na íntegra:
Em cooperação com o Rio de Janeiro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mantém atuação no Estado desde outubro de 2023, por meio da Força Nacional de Segurança Pública, conforme previsto na Portaria MJSP nº 766, de 12 de dezembro de 2023. A operação segue vigente até 16 de dezembro de 2025, podendo ser renovada.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem atendido, prontamente, a todos os pedidos do Governo do Estado do Rio de Janeiro para o emprego da Força Nacional no Estado, em apoio aos órgãos de segurança pública federal e estadual. Desde 2023, foram 11 solicitações de renovação da FNSP no território fluminense. Todas acatadas.
No âmbito da Polícia Federal (PF), só em 2025, foram realizadas 178 operações no Estado do Rio de Janeiro, sendo 24 delas relacionadas a tráfico de drogas e armas. Ao todo, foram 210 prisões efetuadas, das quais 60 estão diretamente relacionadas a investigações sobre o tráfico de drogas e armas.
No mesmo período, foram apreendidas 10 toneladas de drogas e 190 armas de fogo, incluindo 17 fuzis. Além disso, foram apreendidas cerca de 600 peças e acessórios de armas de fogo, capazes de moldar cerca de 30 fuzis.
Esses números refletem o esforço contínuo da Polícia Federal no enfrentamento ao crime organizado e na redução do poder bélico das facções criminosas.
Entre 2024 e 2025 (até outubro), foram 855 mandados de prisão cumpridos, sendo 462 no ano de 2024 e 393 no ano de 2025.
Entre as ações de destaque, estão a Operação Forja, que desarticulou uma fábrica clandestina com capacidade de produção de 3.500 fuzis por ano, destinados a comunidades dominadas pela facção Comando Vermelho; as operações Buzz Bomb e Libertatis, deflagradas em 2024, que prenderam os operadores de drones das duas principais facções criminosas em atuação no Rio de Janeiro.
Além disso, a PF coordena duas operações conjuntas com as forças de segurança do estado, FICCO/RJ e Redentor, que reforçam o compromisso comum de enfrentar o crime organizado de forma coordenada e eficiente.
Também desde 2023, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem atuado no Estado em operações de combate a roubo de cargas e a roubos de veículos nas rodovias federais.
De janeiro de 2023 a outubro de 2025, foram:
- 3.082 veículos recuperados;
- 13.961 munições apreendidas;
- 172 armas curtas apreendidas;
- 72 fuzis apreendidos;
- 8.250 pessoas detidas;
- R$ 3.240.201,00 apreendidos (de origens ilícitas);
- 29.5 toneladas de maconha apreendidas;
- 3.9 toneladas de cocaína apreendidos;
- 73.990 unidades de drogas sintéticas.
Nos últimos anos, o Estado do Rio de Janeiro tem recebido recursos do governo federal para investir no sistema penitenciário e na segurança pública. Por meio do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), o estado recebeu mais de R$ 99 milhões entre 2016 e 2024 – valor que, com rendimentos, superou R$ 143 milhões. No entanto, apenas cerca de R$ 39 milhões foram efetivamente utilizados, restando mais de R$ 104 milhões ainda em conta.
Já pelo Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), o Rio de Janeiro recebeu quase R$ 288 milhões desde 2019, montante que, com rendimentos, alcançou R$ 331 milhões. Desse total, pouco mais de R$ 157 milhões foram executados até o momento, deixando um saldo superior a R$ 174 milhões disponíveis.
Além disso, o estado tem sido atendido com doações de equipamentos, como veículos, computadores, drones, coletes e munições, que somam aproximadamente R$ 10 milhões.
O MJSP informa ainda que, no âmbito da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), tem desenvolvido uma série de iniciativas com o Governo do Rio de Janeiro, como a integração do Estado à Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim) e à Rede Nacional de Recuperação de Ativos de Facções Criminosas (Recupera).
Além disso, o MJSP e o Governo do Rio de Janeiro firmaram acordo de cooperação técnica para a criação da Célula Integrada de Localização e Captura de Foragidos, com foco na identificação, localização e prisão de criminosos de outras unidades da federação que se refugiam em comunidades fluminenses. A Célula realiza o cruzamento e análise de bancos de dados policiais e judiciais, a integração de mandados de prisão nacionais, com base na Lista dos Procurados do SUSP e na Matriz de Risco Nacional, e a coordenação de operações conjuntas de captura de criminosos prioritários.
O MJSP e o Governo do Rio de Janeiro também firmaram acordo para a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA), com foco na descapitalização das organizações criminosas, mediante inteligência financeira, recuperação de ativos e assessoramento especializado em investigações de lavagem de dinheiro. Até setembro de 2025, o CIFRA havia analisado 59 Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) emitidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), envolvendo operações com mais de R$ 65 bilhões em valores suspeitos, com 423 documentos produzidos e difundidos entre os anos de 2024 e 2025.
Ainda, em 5 de fevereiro deste ano, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, esteve no Ministério da Justiça e Segurança Pública para uma reunião com o ministro Ricardo Lewandowski. À ocasião, o ministro atendeu a um pedido do Estado e ofereceu dez vagas em presídios federais para alocar lideranças criminosas do Rio de Janeiro.
“A missão é a cooperação total entre União e o RJ. Estamos empenhados em combater o crime de forma cooperativa e integrada. Esse é mais um exemplo da integração federativa que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública pretende colocar em prática”, disse o ministro após o encontro.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública reafirma seu compromisso com o Estado do Rio de Janeiro, promovendo a segurança pública por meio do apoio integrado.
As ações coordenadas têm como objetivo fortalecer o combate ao crime organizado, reduzir índices de criminalidade e garantir maior sensação de segurança à população. Com investimentos significativos e esforços contínuos, o MJSP permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro.