Cláudio Castro, substituto de Witzel, é cantor católico e foi chefe de gabinete de deputado denunciado por peculato

Atualizado em 28 de agosto de 2020 às 8:03
Cláudio Castro, governador interino do Rio

O vice-governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que assume no lugar de Wilson Witzel, afastado pelo STJ, tem apenas 41 anos de idade, e uma carreira política meteórica.

Ele se elegeu vereador em 2016, com apenas 10.262 votos, depois de uma tentativa frustrada em 2012 — na ocasião, teve apenas 8.298 votos e ficou na suplência.

Ele já frequentava o ambiente político desde 2005, quando assumiu a chefia de gabinete do vereador Márcio Pacheco, também do PSC.

Pacheco se elegeu deputado estadual em 2012, e levou Cláudio Castro para ser seu chefe de gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2016, Castro deixou a Assembleia para se candidatar a vereador, e se elegeu.

Ambos militam no PSC.

O antigo chefe de Cláudio Castro foi o denunciado no mês passado pelo Ministério Público pelo crime de peculato, em razão da prática de rachadinha em seu gabinete na Assembleia — que, até 2016, tinha o atual governador interino do Rio de Janeiro como chefe.

É o mesmo crime de que é acusado Flávio Bolsonaro — ambos foram investigados na Operação Furna da Onça.

O relatório do Coaf apontou que funcionários do gabinete de Márcio Pacheco na Alerj movimentaram um total de R$ 25,3 milhões entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Nove funcionários foram citados no relatório com movimentações atípicas — Cláudio Castro não aparece nessa relação. Mas, como chefe de gabinete até o início da campanha para vereador, em junho de 2016, é difícil que o esquema funcionasse sem seu conhecimento.

Márcio Pacheco era líder de Witzel na Assembleia Legislativa até que deixou o cargo e, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, se tornasse um dos líderes do movimento pelo processo de impeachment do governador.

A queda do governador, naturalmente, beneficiaria seu aliado e antigo assessor.

Cláudio Castro também é conhecido pela sua atuação na Igreja Católica. Ele é cantor, como se pode ver no vídeo abaixo. Em 1997, entrou na banda “Em nome do Pai”, que gravou o CD “Pare pra Perceber”.

Em 2011, iniciou carreira solo e gravou um CD que tinha o mesmo nome da antiga banda. Recebeu prêmios em concursos no âmbito religioso e foi considerado um dos cinco melhores cantores católicos do país.

Em 2013, participou do coral das 100 vozes que cantou para o Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.

Em 2018, quando Witzel era um azarão na pré-campanha para o governo do Rio de Janeiro, ele foi indicado pelo pastor Everaldo — que teve a prisão decretada hoje — para ser o vice na chapa do PSC.

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O vice-governador também é alvo de mandado de busca na operação deflagrada hoje, assim como o presidente da Assembleia, André Ceciliano. Eles estão na linha de sucessão de Witzel. Fica agora a dúvida sobre quem assumirá o governo do Rio de Janeiro. Pela lei, é Cláudio Castro. Porém a política no Rio de Janeiro está judicializada.