“Clima de velório”: comportamento de Bolsonaro desespera Centrão na campanha

Atualizado em 28 de junho de 2022 às 8:00
Jair Bolsonaro

De acordo com a repórter Malu Gaspar, do jornal O Globo, a ala política da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) para a reeleição, composta majoritariamente por parlamentares do Centrão, está em “clima de velório”.

O que tem deixado aliados de Bolsonaro desesperados é o comportamento do atual chefe do Executivo, que no domingo (26) anunciou que o general Walter Braga Netto será seu vice na eleição deste ano, preterindo a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, nome apoiado pelo Centrão.

“O risco de derrota só aumenta”, lamentou um membro da núcleo da campanha bolsonarista. “O presidente está fazendo de tudo para perder”, acrescenta.

“No nosso planejamento, junho seria o mês da virada, mas até agora só colecionamos problemas”, afirma um estrategista da campanha.

O presidente também ignorou um plano estratégico detalhado para os próximos 100 dias de campanha, entregue a ele na quarta-feira passada pelo núcleo duro da campanha, que inclui o ministro Ciro Nogueira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto.

O documento trazia uma lista de programas, com recomendações sobre o que o presidente deveria dizer sobre cada um deles nos discursos. Após acompanhar a apresentação, Bolsonaro elogiou o plano e disse ter concordado com tudo.

Nos dias seguintes, porém, o assunto virou a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, e o esperado “foco total no social” se tornou uma sequência de falas a respeito do caso.

Bolsonaro mostrou se importar mais em atacar as urnas eletrônicas com suspeitas infundadas e na guerra de bastidores com o Supremo do que em programas sociais ou de realizações do governo que acabaram deixadas de lado.

O mandatário da República ainda cancelou um almoço que realizaria com líderes políticos da Paraíba na sexta-feira (24), mas cancelou o compromisso depois da divulgação do áudio em que o ex-ministro diz à filha que Bolsonaro tinha o “pressentimento” de que haveria uma ação de busca e apreensão contra ele.