Clubes militares desafiam Exército e pedem que coronel golpista fuja da lei brasileira

Atualizado em 19 de junho de 2023 às 12:00
Coronel Jean Lawand Júnior. (Foto: Reprodução)

Os três oficiais generais que presidem respectivamente o Clube Militar (Excército), o Clube Naval e o Clube da Aeronáutica divulgaram, na última semana, uma nota se opondo a decisão do Exército de cancelar a designação do coronel Jean Lawand Júnior para o posto de adjunto do adido militar em Washington. Com informações do Estadão.

Lawand é investigado, juntamente com o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, por suspeita de terem tramado um golpe de estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tal acusação partiu a partir de dados obtidos pela Polícia Federal (PF) do celular de Mauro Cid. Nos documentos em questão, Cid conversava com Lawand, onde explicitamente, o coronel pedia para que ele “fizesse algo” após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022.

“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele [Bolsonaro] dê a ordem que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do, do Comandante Supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um General, que não recebeu, que não aceitou a ordem do Comandante. Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer”, revela um dos áudios transcritos pela PF na ocasião.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – Reprodução

No documento de revolta, apresentado ao Exército, os presidentes dos clubes incitam publicamente o coronel Lawand Júnior a desobedecer a ordem do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva, de permanecer no Brasil.

“Sugerimos que o coronel fique nos EUA e peça asilo político imediatamente, pois o seu retorno ao Brasil colocará em risco a sua vida pelo regime vigente”, diz trecho da minuta.

A nota da comissão interclubes é assinada pelo almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca, pelo general Sérgio Tavares Carneiro e pelo major-brigadeiro Marco Antonio Perez. Os clubes apoiaram abertamente a campanha de Jair Bolsonaro à reeleição. Nos últimos quatro anos, eles notabilizaram-se como um grupo radical bolsonarista. Entretanto, esta é a primeira vez que seus dirigentes pregam a desobediência aberta a uma determinação superior.

A nota dos oficiais generais também manifesta o apoio a Cid, que segue preso, em Brasília, desde o dia 8 de maio, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

“Manifestamos o nosso apoio ao Cel. Jean Lawand Junior e ao Ten Cel. Mauro Cid, que de acordo com as mensagens reveladas pela revista Veja (órgão de propaganda e desinformação do regime Lula) prova que naquele momento ainda existiam homens em Berlim e não ‘golpistas’ como afirma o órgão de propaganda do regime”, diz outro trecho da nota do clube.

Para os oficiais generais que assinam o documento, as mensagens nas quais o coronel pede que seja dado um golpe de estado “não são “provas” de crimes, “mas provas robustas de que ainda existem soldados valorosos que juraram defender a pátria contra inimigos INTERNOS e externos e que merecem todo o nosso respeito”. Os generais acusam Moraes de ilegalidades e dizem que Cid se encontra “em cárcere privado”.

Por fim, os militares criticam o governo de Lula, o ditador da Venezuela Nicolás Maduro e elogiam ideólogo do bolsonarismo Olavo de Carvalho.

“Juramos defender a pátria mesmo com o emprego de nossas vidas e não nos omitiremos. É hora de ação.” Os generais não informaram que ações seriam essas.

Atualização

Militares da reserva distribuíram uma nota falsa da Comissão Interclubes das Forças Armadas em grupos de WhatsApp e redes sociais.

O DCM noticiou o comunicado a partir de uma notícia do Estadão, entretanto, o jornal paulistano informou que a referida nota é falsa.

O documento que circulou trazia supostas assinaturas dos presidentes do Clube Militar, do Clube Naval e do Clube da Aeronáutica, e solicitava ao coronel Jean Lawand Júnior que desobedecesse a ordem do comando do Exército de deixar o posto de adjunto do adido militar em Washington e buscasse asilo nos Estados Unidos.

Esse documento falso também expressava solidariedade ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, coronel Mauro César Cid, que está detido em Brasília desde o dia 8 de maio.

O DCM pede desculpas pelo ocorrido.

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