O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) condenou a CNN Brasil a pagar R$ 50 mil ao jornalista Renan de Souza, ex-funcionário do canal, por racismo. A denúncia contra a emissora cita uma declaração preconceituosa de Asdrúbal Figueiró, então editor-chefe. A informação é da revista Veja.
Segundo a ação, Renan e Figueiró se desentenderam durante a cobertura do caso George Floyd, homem negro assassinado por policiais nos Estados Unidos em 2020. Eles não concordavam com o teor da reportagem e o então superior afirmou: “Você está dizendo isso porque é preto, está querendo defender preto, e você não entende nada de racismo”.
Renan foi contratado como editor de conteúdo em 2020 e ficou na emissora até junho de 2022. A ação trabalhista foi aberta em março de 2023 e o ex-funcionário também pediu uma equiparação salarial com colegas por ter supostamente atuado como analista internacional e ter trabalhado horas extras excessivas.
O processo também acusa a própria emissora de racismo estrutural e relata que a declaração racista foi reportada ao então vice-presidente de conteúdo da CNN, Américo Martins, que teria ignorado a denúncia.
O jornalista perdeu o processo em primeira instância, mas obteve vitória após recurso. O desembargador Paulo José Ribeiro Mota reconheceu o dano moral por assédio e racismo. “A indenização deve ser suficiente para amenizar o dano cometido, sem importar em motivo de enriquecimento sem causa, de um lado, servindo ao outro de punição pedagógica”, escreveu na decisão.
A CNN preferiu não se manifestar sobre a condenação e disse “repudiar veementemente qualquer ato que remeta a racismo ou qualquer outro tipo de discriminação”. Figueiró negou qualquer “expressão com conotação racial” e disse nunca ter sido chamado para depor no caso.
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