Coaf vê transações suspeitas entre Ciro Nogueira e o dono do Jogo do Tigrinho

Atualizado em 7 de julho de 2025 às 9:35
O senador Ciro Nogueira e Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin, dono da plataforma 7Games.bet – Foto: Reprodução

Relatórios do Coaf enviados à “CPI das Bets” revelam suspeitas de transações entre o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin, dono da plataforma 7Games.bet, responsável por popularizar o jogo do Tigrinho no Brasil. Segundo os documentos, Fernandin adquiriu três apartamentos em Teresina em um edifício da empresa Ciro Nogueira Agropecuária e Imóveis. O senador alegou desconhecimento da compra: “Nunca ouvi falar dessa compra. Não tenho nada a ver com isso”. Com informações da Revista Piauí.

Outro ponto analisado pela CPI envolve repasses de Fernandin ao ex-assessor de Ciro, Victor Linhares de Paiva. Entre dezembro de 2023 e setembro de 2024, foram enviados R$ 625 mil.

Segundo Nogueira, o ex-assessor justificou a operação como a venda de um relógio de luxo, modelo Richard Mille. Ainda nesse período, Victor transferiu mais de R$ 30 mil para o senador, que explicou ter sido um reembolso por uma reserva de hotel após desistir de uma viagem à Itália.

Apesar da gravidade das informações, os relatórios não foram incluídos no parecer final da comissão. A relatora Soraya Thronicke afirmou que optou por omitir os dados oficiais por temer ameaças.

A senadora Soraya Thronicke – Foto: Reprodução

O Coaf, por sua vez, apontou um crescimento expressivo no patrimônio de Fernandin: de R$ 36 milhões para R$ 143 milhões entre 2022 e 2023. O relatório final da CPI afirma que há “indícios de incompatibilidade patrimonial e ausência de comprovação da origem lícita dos recursos”.

Entre as operações suspeitas está a compra de uma sala comercial de 500 m² em Alphaville, São Paulo, por R$ 3,7 milhões, mesmo com valor venal de apenas R$ 450 mil. Três meses depois, o imóvel foi transferido para a OIG Capital, empresa do próprio Fernandin, por R$ 7 milhões. A valorização de 88% em tão pouco tempo levantou alerta no cartório, que comunicou a operação ao Coaf como atípica.

A relação pessoal entre o senador e o empresário também chamou atenção. Em maio, enquanto a CPI ainda estava em andamento, Ciro viajou no jato de Fernandin para assistir à Fórmula 1 em Mônaco. O caso repercutiu nas redes, com internautas cobrando explicações do parlamentar.

Outro elo revelado envolve um assessor direto de Ciro, Victor Luiz de Oliveira Freitas. Após o depoimento de Fernandin na CPI, ele tentou intermediar contato com a senadora Soraya Thronicke, relatora da comissão. O assessor procurou o lobista Silvio de Assis, mas a aproximação não foi adiante.