
O coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (24), que foi o tenente-coronel Mauro Cid quem criou o codinome “professora” para se referir ao ministro Alexandre de Moraes. Câmara, que é réu na investigação sobre a tentativa de golpe, disse que a expressão era usada em tom de brincadeira e negou que houvesse a intenção de esconder informações. “Partiu do tenente-coronel Cid. Eu entrei nessa brincadeira. Não tinha objetivo de esconder nada”, declarou.
A declaração foi feita durante depoimento no STF que ouviu acusados dos núcleos 2 e 4 da trama golpista. O ex-assessor buscou afastar qualquer vínculo com ações ilegais e afirmou que só repassava a Cid informações públicas, relacionadas à agenda de autoridades. “Nunca realizei nenhuma atividade ilícita. Tenho 30 anos de Exército. O que eu passava era ajuste de agenda. Se foi usado de outra forma, não era do meu conhecimento”, afirmou.
Segundo Câmara, o compartilhamento de uma imagem sobre o trajeto de Moraes no dia da diplomação do presidente Lula (PT) foi motivado por questões de logística, já que Bolsonaro havia dito que não participaria do evento. “Essa imagem era um convite, com fotos das autoridades. Era praxe no cerimonial. Quando recebi, passei para o Cid e começamos a tomar providências”, explicou
Ele negou ter tido conhecimento de qualquer plano para monitorar ilegalmente o ministro do STF.
As investigações apontam que Cid afirmou, em delação premiada, que o codinome “professora” era usado para ocultar conversas sobre Moraes e que Bolsonaro teria pedido um monitoramento como parte de uma operação chamada “Copa 2022”, com o objetivo de “neutralizar” o magistrado.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga o uso de métodos sofisticados de espionagem e a existência de planos para eliminar Moraes e o presidente Lula.
Câmara é apontado como integrante do núcleo 2, que, segundo a PGR, atuou na elaboração de decretos golpistas e uso da Polícia Rodoviária Federal para dificultar o voto de eleitores de Lula. Também fazem parte desse grupo Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, e outros ex-membros do governo. Já o núcleo 4, segundo a acusação, era responsável por espalhar desinformação e integrar uma estrutura clandestina conhecida como “Abin paralela”.