“Colapso financeiro”: Eletronuclear pede R$ 1,4 bilhões ao governo Lula; entenda

Atualizado em 26 de outubro de 2025 às 21:30
Instalações de Angra 1 e Angra 2, usinas nucleares da Eletronuclear. Foto: Alexa Salomão – 28.nov.24/Folhapress

A Eletronuclear, estatal responsável pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2, solicitou ao governo Luiz Inácio Lula da Silva um aporte emergencial de R$ 1,4 bilhão para evitar um colapso financeiro até o fim de 2025. Em ofício enviado à ENBPar, controladora da empresa, a estatal alertou que o caixa pode se esgotar a partir de novembro, comprometendo o pagamento de contratos e salários e colocando em risco o futuro do Projeto Angra 3. Com informações da Folha.

Documento aponta risco de efeito cascata com antecipação de R$ 6,5 bilhões em dívidas e passivos que podem chegar a R$ 21 bilhões. A Eletronuclear afirma que a falta de liquidez ameaça a “viabilidade definitiva” de Angra 3 e pode obrigar a empresa a depender do Tesouro Nacional para manter operações básicas.

A crise ocorre no momento em que a fatia privada da companhia, correspondente a 67,95% das ações, está em processo de transferência da Axia Energia (ex-Eletrobras) para a Âmbar Energia, do grupo J&F, controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. As duas empresas, porém, tentam se isentar de responsabilidade sobre o rombo imediato, o que aumenta a pressão sobre a União.

Entre as dívidas, há um débito de R$ 570 milhões com os bancos BTG Pactual e ABC Brasil, contraído para prorrogar a licença de operação de Angra 1. A estatal também deve cerca de R$ 700 milhões à INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e gasta R$ 1 bilhão por ano com custos de Angra 3, projeto que permanece inacabado e não gera receitas.

: Fachada do prédio do BTG Pactual. Foto: Divulgação/BTG

O Ministério da Fazenda afirmou ter “posição restritiva” sobre aportes em estatais e condicionou qualquer ajuda à apresentação de um plano detalhado de sustentabilidade. A Eletronuclear, por sua vez, busca alternativas, como o enquadramento no Decreto nº 12.500, que permite socorro temporário sem que a empresa se torne dependente do Tesouro.

Em paralelo, a estatal tenta liberar R$ 1,2 bilhão de um fundo destinado ao descomissionamento de usinas nucleares. A medida depende da aprovação da Aneel e da Agência de Segurança Nuclear. Sem socorro, a empresa alerta que o custo de Angra 3 pode “corroer a geração de caixa das demais usinas” e levar à insolvência da operação nuclear brasileira.