Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós escreve nota em apoio a Brigada de Alter

Atualizado em 28 de novembro de 2019 às 0:01
Suraras dos Tapajós. Foto: Reprodução

 

Publicado originalmente pelo Mídia Ninja:

Nesta terça-feira, 4 integrantes da Brigada de Alter, grupo independente que atua voluntariamente em prol da proteção da floresta e das comunidades de Alter do Chão, em Santarém, no Pará, foram presos sob acusação de incêndio criminoso pela operação da Polícia Civil chamada “Fogo do Sairé”. O coletivo esteve no combate ao fogo que atingiu o balneário e a área de proteção ambiental de Alter do Chão, local que vive disputas em torno de uma legislação que permitiria a construção até de edifícios nas margens do rio Tapajós, pressão imobiliária e devastação da APA.

A grande mídia noticiou com alarde as prisões, ainda sem provas, e diversos grupos se manifestaram a favor da Brigada.

O coletivo de mulheres indígenas Suraras do Tapajós escreveu uma nota de apoio ao coletivo. Leia na íntegra.

Nota do Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós em apoio a Brigada de Alter

O Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, manifesta apoio a Brigada de Alter e aos brigadistas que foram presos e acusados arbitrariamente de serem responsáveis pelos incêndios na Área de Proteção Ambiental (APA- Alter do Chão). Conhecemos o comprometimento dessas pessoas com causas socioambientais, o que estamos presenciando é uma tentativa de manipulação da opinião pública para desmoralizar as ONGs e movimentos sociais. Até nós indígenas fomos acusados de forma caluniosa, de ter responsabilidade sobre as queimadas da Amazônia.

Alter do Chão é um local de grande especulação imobiliária, invasão e grilagem de terras e estamos presenciando a inversão dos fatos, na tentativa de incriminar pessoas inocentes desviando a atenção das verdadeiras questões que estão em jogo e dos interesses por trás de desmoralizar as ONGs e movimentos sociais.

Infelizmente os meios de comunicação e a sociedade em geral por meio das redes sociais vem disseminando informações equivocadas, acusações não comprovadas, e distorções dos fatos, contribuindo para incriminar de forma injusta os membros da Brigada, que prestam importante serviço para a região.

Nós seremos a resistência somando nossas vozes às vozes de outros que assim como nós clamam por justiça imparcial nesse país.

SURARAS DO TAPAJÓS

Coletivo de Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.