Colômbia tem 2º turno para eleger presidente neste domingo; conheça candidatos

Atualizado em 19 de junho de 2022 às 11:01
Colombianos tiram fotografias com bonecos de Rodolfo Hernández e Gustavo Petro, em frente à Assembleia, em Bogotá, às vésperas do segundo turno presidencial – Raul Arboleda /AFP

Por Michele de Mello

A Colômbia decide neste domingo (19) quem será seu presidente pelos próximos quatro anos. Pela centro-esquerda, Gustavo Petro e Francia Márquez (Pacto Histórico) saíram como favoritos no 1º turno, obtendo cerca de 40% dos votos; já pela direita, Rodolfo Hernández e Marelen Castillo (Liga) tiveram 28% da preferência no dia 29 de maio. Embora o Pacto Histórico tivesse uma vantagem de 12 pontos percentuais, as últimas pesquisas de opinião apontam empate técnico.

O voto é facultativo e impresso. Cerca de 39 milhões de pessoas estão habilitadas a participar, além de 972 mil colombianos que residem no exterior e desde segunda-feira já podem dirigir-se aos consulados e embaixadas para votar.

No primeiro turno, realizado no dia 29 de maio, cerca de 54% do eleitorado compareceu às urnas. O Pacto Histórico venceu em 19 dos 33 departamentos colombianos, enquanto a Liga de Governantes Anticorrupção se impôs em 13 regiões.

Segundo analistas eleitorais, se a participação se mantiver em torno de 50%, a presidência pode ser definida com uma diferença de 300 mil votos. Por isso o desafio das duas chapas é convencer os colombianos a votar.

Esquerda x Direita 

As duas coalizões propõe uma mudança para Colômbia, mas partindo de polos opostos.

Petro e Francia propõem a implementação integral dos Acordos de Paz; a realização da reforma agrária, com distribuição de terras para pequenos agricultores, substituição de cultivos ilícitos; reforma da polícia e demais forças de segurança, acabando com a obrigatoriedade do serviço militar, e implementando conselhos regionais de segurança; reforma tributária para aumentar os impostos aos mais ricos e gerar fundos para financiar projetos de gratuidade no ensino superior.

Já Hernández e Castillo fizeram uma campanha baseada em táticas similares a outros personagens de extrema direita, como Jair Bolsonaro e Donald Trump, com um uso massivo de redes sociais. A candidatura diz apoiar a implementação dos acordos, sem oferecer tantos detalhes no programa. Propõem a isenção de impostos para pequenos e médios empresários pelos próximos três anos; aumento salarial para professores; e possibilitar a famílias camponesas o acesso a créditos do Estado.

Com o lema “não roubar, não mentir, não trair”, Hernández diz que em seu governo haverá zero impunidade com os corruptos. O problema é que o próprio candidato está sendo processado por esquemas de corrupção com empresas de coleta de lixo na cidade de Bucaramanga, no período em que foi prefeito.

Ataques durante campanha e o uso do medo

Nesse clima tenso de indefinição eleitoral, faltando dez dias para o segundo turno foram divulgados vídeos de reuniões internas da equipe de campanha de Petro. Os chamados “Petrovídeos” foram difundidos pela revista Semana, que recebe financiamento de setores de direita, acusando o candidato de apoiar-ser numa estratégia suja contra seu adversário.

Nos vídeos é possível ver Gustavo Petro e seus assessores debatendo estratégias para diminuir a popularidade dos seus adversários no primeiro turno, focando em escândalos de corrupção e temas impopulares.

A imprensa tradicional noticiou o assunto como um escândalo que desmoralizava a campanha de Petro, para assim criar um cenário adverso à chapa de esquerda.

No entanto, não deu o mesmo eco para declarações do estrategista de campanha de Hernández, que assegurou ter sido uma decisão acertada não participar dos debates eleitorais televisivos como uma tática para diferenciar-se de Petro, como um representante da “política tradicional”.

No mesmo dia do vazamento dos “Petrovídeos”, Rodolfo Hernández publicou um vídeo nas suas redes sociais suspendendo todas as atividades públicas de campanha por questões de segurança. “Nunca antes tinha sentido medo, agora há que salvar a democracia”, afirmou, recorrendo novamente à sensibilização do eleitorado através do temor.

Cenário político atual

O atual chefe de Estado, Iván Duque (Centro Democrático), deixa o cargo com 67% de reprovação após quatro anos de gestão, marcando a impopularidade do uribismo – corrente política que comanda o país desde 2002, com a gestão de Álvaro Uribe Vélez. A percepção das famílias sobre  a situação econômica dos seus lares também piorou em 2022. Segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane), para 57,8% dos colombianos, entrevistados em abril deste ano, a economia está pior do que em abril do ano passado.

Em março, os colombianos já renovaram o Congresso Nacional, elegendo 172 deputados e 107 senadores. A coalizão Pacto Histórico foi vitoriosa, elegendo 20 senadores e 28 deputados; seguido do Partido Liberal Colombiano, com 14 senadores e 32 deputados; a terceira maior bancada é do Partido Conservador com 15 senadores e 25 deputados. O governante Centro Democrático elegeu 13 senadores e 15 deputados, com a quinta maior bancada no Parlamento.

Os primeiros resultados devem ser oferecidos a partir das 19h (horário de Brasília) e a posse do novo presidente está prevista para o dia 7 de agosto.

(Texto originalmente publicado em BRASIL DE FATO)

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