Com Alckmin e Fernanda Montenegro, ato na Catedral da Sé marca os 50 anos da morte de Herzog

Atualizado em 25 de outubro de 2025 às 21:03
Ato reúne centenas de pessoas nos 50 anos da morte de Vlado — Foto: Reprodução

Um ato inter-religioso realizado neste sábado (25) na Catedral da Sé, no centro de São Paulo, marcou os 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas dependências do DOI-CODI em 1975, durante a ditadura militar. Organizado pela Comissão Arns e pelo Instituto Vladimir Herzog, o evento reuniu centenas de pessoas e recriou o ato histórico de 1975, considerado um dos símbolos da resistência democrática no Brasil.

A cerimônia contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e da esposa, Lu Alckmin, além de familiares, artistas, religiosos e autoridades. A acolhida teve apresentação do Coro Luther King, seguida de manifestações conduzidas por Dom Odilo Scherer, a reverenda Anita Wright e o rabino Ruben Sternschein. A atriz Fernanda Montenegro emocionou o público ao ler uma carta de Zora Herzog, mãe do jornalista.

O ato original, celebrado em 1975 por Dom Paulo Evaristo Arns, Henry Sobel e Jaime Wright, reuniu mais de 8 mil pessoas na mesma catedral, em protesto silencioso contra a versão oficial do regime, que afirmava falsamente que Herzog havia se suicidado. A união inédita de líderes católicos, evangélicos e judeus se tornou um marco da luta contra a repressão e pela redemocratização do país.

Durante a homenagem deste sábado, o Instituto Vladimir Herzog lançou um dossiê histórico com registros, fotos e documentos sobre o legado do jornalista, reforçando o compromisso com a preservação da memória e dos direitos humanos. Cartazes pedindo justiça e o fim da impunidade dos crimes da ditadura foram exibidos dentro e fora da catedral.

Herzog, nascido em 1937 na antiga Iugoslávia, era judeu e chegou ao Brasil fugindo do nazismo. Formado em Filosofia pela USP, era diretor de jornalismo da TV Cultura quando foi preso e assassinado. Seu corpo, encontrado em circunstâncias forjadas, se tornou símbolo da violência do regime militar e da censura imposta ao jornalismo.

 

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A morte de Herzog levou a Justiça Federal, em 1978, a reconhecer a responsabilidade do Estado. Em 2012, o atestado de óbito foi corrigido, retirando a falsa causa de suicídio. Cinquenta anos depois, o Brasil volta à Catedral da Sé não apenas para lembrar a vítima, mas para reafirmar o compromisso com a memória, a verdade e a democracia.