Hoje, às 16h, a seleção alemã enfrenta a Suíça na Eurocopa com a classificação para as oitavas de final já garantida. O desempenho em campo não é o único destaque; o clima entre os torcedores também chama atenção, relembrando a euforia do “Sommermärchen” de 2006.
“Sommermärchen”, ou “conto de fadas de verão”, é um termo que os alemães associam à Copa do Mundo de 2006, quando a Alemanha sediou o torneio. Naquela época, as ruas foram tomadas pelas cores da bandeira nacional, simbolizando um renascimento do orgulho alemão após décadas de trauma histórico.
Dezoito anos depois, a Alemanha enfrenta novos desafios. A economia está menos estável, impactada por crises internas e externas, como a guerra na Ucrânia e em Gaza. Além disso, há um crescente apoio à extrema direita. Recentemente, o partido ultradireitista AfD ganhou força nas eleições europeias e lidera pesquisas para as eleições estaduais.
O historiador Jens Wagner observa um impacto direto do cenário político na exibição dos símbolos nacionais. “A bandeira alemã representa a democracia. Precisamos retomar esses símbolos que foram apropriados pela extrema direita”, afirma.
A construção da maior trave de gol do mundo atrás do Portão de Brandemburgo e a enorme “fanzone” em Berlim mostram a tentativa de recriar a euforia de 2006. No entanto, o clima festivo não é universal. Enquanto os jovens exibem as cores da bandeira, os mais velhos são mais reservados.
Sebastian Karl, um torcedor da Baviera, trouxe a família para Berlim na esperança de reviver a euforia de 2006. “Apesar de não estar sendo igual, espero que aconteça conforme a equipe for ganhando partidas e avançando. Sei que era outro momento para o país naquela época, mas foi uma grande abertura de portas e, apesar das diferenças, espero que siga o mesmo rumo agora.”, diz ele. Para Karl, é importante celebrar com orgulho os símbolos nacionais.
“Não me sinto confortável e é algo que nunca fiz por causa de como a expressão de um patriotismo e nacionalismo fortes na Alemanha é marcada pela história. Eu, meus amigos e família temos fortes opiniões políticas e concordamos que não é preciso ser super nacionalista para gostar de esportes.”, explica uma torcedora alemã.