
O Centrão, maior força política do Congresso Nacional, começou a articular uma estratégia para ocupar o espaço de Jair Bolsonaro (PL) na liderança da direita. Caciques de Republicanos, União Brasil e PP avaliam que a provável condenação do ex-presidente pelo STF abre caminho para uma reorganização do campo conservador. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desponta como principal nome para assumir esse protagonismo.
Dois movimentos recentes sinalizaram essa guinada: a articulação de Tarcísio em defesa da anistia aos réus do 8 de janeiro e a saída de União Brasil e PP do governo Lula, anunciada para o fim de setembro. Esses passos foram interpretados como uma tentativa de antecipar a definição do candidato da direita à Presidência. Enquanto a família Bolsonaro insiste em manter o ex-presidente como referência até março de 2026, o Centrão pressiona por uma escolha ainda neste ano.
A nova federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, concentra a maior bancada de deputados e senadores, além de oito governadores. O bloco quer usar essa força para viabilizar Tarcísio como candidato, com tempo hábil para compor alianças e definir chapas estaduais e ao Senado. Para os líderes do Centrão, esperar pela decisão de Bolsonaro enfraqueceria a direita diante do PT e da esquerda.

A movimentação, no entanto, gerou reações. Bolsonaristas classificam a tentativa de substituição como fadada ao fracasso e dizem acreditar que o eleitorado permanecerá fiel ao ex-presidente. Já o PT passou a mirar Tarcísio, criticando sua defesa da anistia como sinal de alinhamento com a ala radical do bolsonarismo. Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou a proposta de “absurda” e “convite a novos golpes”.
Embora parte do Centrão apoie o projeto, não há unanimidade. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mantém alinhamento com Lula e não participa da articulação em torno de Tarcísio. Essa divisão interna mostra que o bloco, apesar de poderoso, segue heterogêneo e movido por interesses regionais e negociações pragmáticas.
O Centrão, historicamente, atuou como força de sustentação de diferentes governos — de Lula a Dilma Rousseff, passando por Michel Temer e Bolsonaro. Agora, fora do núcleo decisório do Planalto, tenta retomar protagonismo com a aposta em Tarcísio de Freitas. A mensagem é clara: Bolsonaro não será abandonado, mas deixou de ser prioridade na estratégia de poder do bloco. As informações são do UOL.