Com Filippi, PT deve reconquistar Diadema, cidade onde o partido teve o 1º prefeito, em 82. Por Igor Santos

Atualizado em 28 de novembro de 2020 às 11:41
José Filippi e Paty Ferreira. Foto: Kelly Fersan

Filippi, ou melhor; José Filippi Júnior, tem 63 anos, casado e morador de Diadema, cidade onde foi prefeito por 3 vezes (entre 1993 e 1996, e entre 2001 e 2008) e onde também foi eleito deputado estadual. Filippi tem uma atmosfera calma, porém observadora e atenta a tudo ao seu redor, comportamento quase natural para engenheiros, tão acostumados com cálculos.Filippi guarda em sua memória nomes de ruas e pessoas do início de sua militância política em consonância com outros militantes mais jovens.

Filippi chegou ao segundo turno com 45,65% dos votos válidos, contra os 15,42% de Taka Yamauchi (PSD) candidato que tenta equilibrar buscar apoio do que sobrou de Lauro Michels (PV) com um certo afastamento do mesmo, devido aos altos índices de rejeição da população com a malfadada experiência verde.

Com um discurso de retomada do crescimento da cidade de Diadema e trazendo a baila boas experiências nos campos da saúde, educação e moradia. Filippi tem como desafio conjugar passado e futuro em um mosaico popular, algo que ele, ao que tudo indica, sabe orquestrar com maestria, trazendo para o centro do debate e decisão, a militância petista de Diadema, a história do PT na cidade.

É preciso lembrar que Diadema foi palco da primeira experiência petista em uma prefeitura em 1982, quando o PT contava 2 anos de existência.

Faltando alguns dias para as eleições do segundo turno (29/11), Filippi nos recebeu em seu comitê para falar um pouco sobre eleições, partido dos trabalhadores e Diadema.
(Fotos: Kelly Fersan)
Confira agora a entrevista com Filippi:

DCM – Diadema foi a primeira cidade administrada pelo PT quando o partido era bem jovem e boa parte dos quadros partidários na região vinha da militância sindical. O PT, maior partido de esquerda em militância no ocidente, foi para o 2° turno em 15 das 18 cidades onde a esquerda brasileira foi para o 2° turno. Em Diadema, você chegou com um pouco mais de 45% dos votos válidos. Como você explica esse fenômeno?

Filippi – O povo de Diadema tem memória. Foram 6 administrações do PT na cidade. Por todos os bairros tem alguma UBS, escola, Centro Cultural, Núcleo Habitacional que construímos. Fui prefeito três vezes e participei como secretário de obras de outras duas gestões do PT. Construí o Quarteirão da Saúde, a Fundação Florestan Fernandes, implantei a Cultura de Paz, enfim, um legado que há 8 anos tem sido desmontado pelo atual prefeito. Hoje, falta o básico. Mas para além do que fizemos, conseguimos apresentar um programa de governo de acordo com as necessidades da população. Até porque nosso programa foi resultado da participação de mais de 900 pessoas. Propostas como o Quarteirão da Saúde, o IPTU Justo e o Cartão Meu SUS agradaram os moradores e moradoras que sabem do nosso compromisso com Diadema.

Igor Santos – A esquerda desde 2013 tem sido muito influenciada por temas colaterais as opressões, porém se distanciado de um discurso sobre temas universais. Você pelo contrário tem buscado diálogo com diversos setores da sociedade e aborda temas universais, como saúde, educação, moradia, geração de emprego e renda. Como tem sido esse diálogo?

Filippi – Uma das marcas das minhas três gestões como prefeito de Diadema foi ouvir a população por meio do orçamento participativo, das consultas públicas, das conferências e dos Conselhos Municipais, que nortearam as nossas decisões e mostraram o quanto a participação popular é decisiva.

Durante a campanha não foi diferente. Usamos as redes e as plataformas digitais como canais para os moradores e moradoras contribuírem com ideias e sugestões para o nosso programa de governo. Também conversamos bastante com os movimentos sociais organizados, o que possibilitou levantar todas as demandas e apontar as prioridades a serem implementadas em caso de vitória nas urnas. Essa foi a diferença que fez nossas propostas serem tão bem aceitas pela população quando apresentamos nas ruas e nas redes. Foi a partir desse diálogo que percebemos que em Diadema os temas como saúde, segurança e geração de emprego eram os mais urgentes.

Nossa proposta é a de retomar os processos de participação, o Congresso da Cidade, os fóruns e planos municipais para superar a segmentação das polícias sociais. Também vamos criar mecanismos de participação popular por meios digitais e plataformas virtuais para garantir ampla participação dos moradores.

Filippi já foi prefeito duas vezes e lidera com folga as pesquisas. Foto: Kelly Fersan

Igor Santos: Diadema é uma das cidades mais violentas do estado de São Paulo, os números cresceram na atual gestão de Lauro Michels, como resolver o problema da violência em Diadema?

Filippi – Diadema vive uma verdadeira epidemia de roubos e furtos, resultado do abandono das ações de segurança pública implantadas nas nossas gestões. Para resolver isso, vamos trabalhar dois eixos principais: a prevenção e a proteção da população com a retomada dos programas da cultura de paz.

Entre as nossas propostas estão, o fim do som alto e festas irregulares ​e fazer a Lei de Fechamento de Bares voltar a funcionar de novo. Diadema é uma cidade de trabalhadores e trabalhadoras que acordam cedo, não dá para ter pontos de pancadão em áreas residenciais. Os jovens que querem se divertir terão locais adequados para isso.

Também vamos investir em tecnologia por meio da implantação de câmeras de videomonitoramento por toda cidade, inclusive com parceria com os condomínios. E dar todas as condições para nossa Guarda Municipal,​com a volta da Ronda Cidadã nos bairros e a Ronda Escolar Municipal. Já tiramos Diadema do mapa da violência uma vez, e vamos fazer isso de novo.

Igor Santos: Pesquisas dão conta de um avanço de 15,5% no número de desempregados na região da Grande São Paulo, números preocupantes se tomarmos em consideração a pandemia da COVID-19 e seu desdobramento atrelado a política econômica desastrosa do governo Bolsonaro. Como pretende contornar e reverter esse quadro em Diadema?

Filippi – A geração de emprego será uma verdadeira obsessão para mim. Já no primeiro ano tenho como meta a criação de 10 mil novos de trabalho. Para isso, vamos investir nos polos industriais, como fiz com o Polo de Cosméticos, quando fui prefeito. E também nos micro e pequenos negócios por meio da criação do Banco Municipal de Desenvolvimento que vai oferecer crédito popular. Outra proposta que quero implantar é a produção dos uniformes escolares e da área da saúde por costureiras de Diadema. Na parece de capacitação, a Fundação Florestan Fernandes vai se transformar num efetivo Centro de Formação e Requalificação Profissional e o Centro Público de Emprego será reestruturado.

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O DCM procurou o adversário de Filippi, Taka Yamauchi, mas ele não quis dar entrevista.