Com Jilmar Tatto, PT vai tentar recuperar o apoio que perdeu na periferia de SP

Atualizado em 17 de maio de 2020 às 19:12
Jilmar Tatto: digital nas principais conquistas populares de SP (Imagem: reprodução)

Jilmar Tatto, escolhido candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, é visto com desconfiança por intelectuais do partido por não conversar, como Fernando Haddad, com setores de classe média e média alta.

No entanto, as principais conquistas populares da cidade nas últimas décadas têm a sua digital: Vai e Volta – programa de transporte escolar gratuito -, integração do bilhete único, corredores de ônibus, ciclovias e o fechamento da avenida Paulista aos domingos.

Por uma diferença de 15 votos (312 a 297), venceu o deputado Alexandre Padilha nas prévias do partido neste sábado, 16.

“Estou bastante emocionado”, escreveu em sua página no Twitter.

“Esse momento é muito importante para minha trajetória que, desde início do PT, foi feita em cada canto, em cada zonal dessa cidade. Vamos fazer campanha aguerrida, principalmente na periferia, e mostrar que quem cuida do povo é o PT. Vamos lutar para que o povo tenha na pós pandemia saúde, alimentação, dignidade, emprego”.

Agradeceu Lula, Gleisi, Haddad, seu adversário Alexandre Padilha e mandou um recado para Suplicy. “Companheiro, quero acertar com você a forma para implantarmos a Renda básica cidadã na cidade”.

Penúltimo dos 10 filhos de seu Jácomo e dona Inês, casal de camponeses que se mudou do interior do Paraná para a zona Sul de São Paulo na década de 70, Jilmar é formado em História e cursa doutorado em mobilidade urbana na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Foi deputado estadual (1999/2001) e federal por dois mandatos (2007/2013). Participou dos governos Marta e Haddad como secretário de Abastecimento, Subprefeituras, Governo e Transportes.

Sua família – tem dois irmãos vereadores em SP e outros dois que ocupam cadeiras na Alesp e na Câmara dos deputados – comanda a máquina partidária do PT paulistano há anos. Jilmar é secretário de Comunicação do diretório nacional.

Em conversas reservadas, petistas que preferiam Padilha dizem que sua escolha deixa a legenda emparedada entre Guilherme Boulos (Psol), Marta (SD) e Márcio França (PSB).

Em entrevista recente ao DCM, Jilmar disse que sua proposta é dialogar com o movimento popular e reconquistar o que se convencionou chamar de cinturão vermelho da capital.

“Nos afastamos dos bairros e isso teve consequências”, diz. “Temos de reocupar esse espaço, ouvindo a população e levando esperança, apontando ações práticas para melhorar o cotidiano das pessoas”.

De fato, não tem o trânsito de Haddad tampouco o poder persuasivo de Padilha, mas a se considerar o último pleito municipal sua presença na cena eleitoral pode ser um alento: em 2016, com Haddad, o PT teve o seu pior desempenho em eleições municipais, perdendo para o então candidato do PSDB, João Doria – hoje governador do Estado -, em 95% das zonas eleitorais, tomando uma lavada inédita especialmente nos bairros mais simples.

“Penso que posso ser esse instrumento de interlocução”, diz Jilmar.

“Sou morador da zona Sul e gosto desse contato com as pessoas”.