Com quase 3 milhões de filiados, PT vai às urnas para escolher seu novo presidente

Atualizado em 6 de julho de 2025 às 7:06
Os quatro canddiatos à presidência do PT: Edinho Silva, Rui Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira – Fotomontagem BdF

Com cerca de 2,9 milhões de filiados aptos a votar, o Partido dos Trabalhadores (PT) realiza neste domingo (6) sua eleição nacional para escolha do novo presidente da legenda. O processo, que mobiliza as bases do partido em todo o país, tem como favorito o ex-ministro Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP) e aliado próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A votação ocorre por meio de voto direto dos filiados, em uma dinâmica considerada rara entre os grandes partidos brasileiros. A expectativa é que a apuração dos votos se estenda até segunda-feira (7), quando será conhecido o nome que sucederá o senador Humberto Costa (PE), presidente interino desde a saída de Gleisi Hoffmann, nomeada ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais.

Além da escolha do novo presidente, os filiados também elegem os dirigentes dos diretórios estaduais e municipais, além de indicar a corrente interna do partido com a qual se identificam. São quatro grandes tendências em disputa: Construindo um Novo Brasil (CNB), de Edinho Silva; Novo Rumo, de Rui Falcão; Articulação de Esquerda, de Valter Pomar; e Movimento PT, de Romênio Pereira.

A apuração é centralizada na sede nacional do partido, em Brasília, que recebe as cédulas de todas as regiões do país. A corrente interna com maior percentual de votos passa a ter maioria no diretório nacional, composto por 90 membros, e influencia diretamente a formação da executiva nacional, órgão máximo de decisões da legenda.

O presidente Lula ao lado de seu candidato na eleição petista, Edinho Silva. Foto: Ricardo Stuckert

Essa estrutura interna será responsável por formular a estratégia eleitoral do PT para 2026, quando Lula deve tentar a reeleição. Edinho, se confirmado no cargo, deve desempenhar papel-chave na articulação política para ampliar alianças com partidos de centro e acalmar os setores mais conservadores do Congresso.

Segundo aliados, Edinho também deverá oferecer respaldo político ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendendo pautas de responsabilidade fiscal que possam suavizar a relação entre o Planalto e o mercado financeiro. Entre os desafios está a reaproximação com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem se distanciado do governo federal ao longo de 2024.

Cada corrente interna do PT terá representação proporcional à votação recebida, podendo realizar eleições internas para indicar seus representantes. Esse sistema reforça o pluralismo da legenda, mas também exige negociações intensas entre os grupos para garantir governabilidade interna.

A posse do novo presidente está marcada para agosto, quando a nova direção deve iniciar um ciclo decisivo para o futuro político do partido, com foco em manter a liderança de Lula no cenário nacional e reforçar as bases do PT nas disputas municipais de 2026.