
A derrota do governo na votação da Medida Provisória que criava uma alternativa ao aumento do IOF, com a inclusão da taxação de investimentos, foi recebida com comemoração na Faria Lima. Executivos de gestoras e fintechs abriram garrafas de champanhe e circularam fotos das celebrações em grupos de mensagens corporativos. Com informações da coluna de Guilherme Amado no Platô.
Um CEO de uma gestora especializada em crédito corporativo chegou a alugar um camarote em uma casa noturna da região para festejar o que chamou de “vitória do bom senso fiscal”. Pelo menos quatro fintechs de crédito — duas ligadas ao agronegócio e duas ao mercado imobiliário — mandaram servir espumante ao fim do expediente e fizeram um brinde coletivo.
A Medida Provisória 1.303/2025 previa compensar a revogação do aumento do IOF com novas fontes de arrecadação, incluindo a taxação de aplicações financeiras e ajustes em tributos de fintechs e apostas. O texto previa unificar alíquotas de investimentos, elevar a tributação de juros sobre capital próprio e ampliar a contribuição social sobre o lucro líquido de instituições digitais.
MP do IOF derrotada na Câmara: 251 a 193. Retirada de pauta e irá caducar (perder a validade). Nova derrota para o governo na Câmara, uma semana após a vitória da reforma do IR. @Metropoles pic.twitter.com/XdzUgW1F1a
— Gustavo Zucchi (@gustzucchi) October 8, 2025
Na Câmara dos Deputados, a MP foi retirada de pauta por 251 votos a 193, o que encerrou sua validade. A articulação para derrotar o texto envolveu partidos do Centrão e da oposição, e parte da base governista votou contra a medida. Com a queda da MP, permanecem em vigor as regras atuais de tributação sobre investimentos.
O governo estimava arrecadar cerca de R$ 17 bilhões com a proposta, valor que ajudaria a cumprir as metas fiscais de 2026. Com a derrota, a equipe econômica precisará buscar alternativas para compensar a perda de receita e manter o equilíbrio fiscal previsto no orçamento.
Nos dias seguintes à votação, corretores e gestores voltaram a procurar investidores para tentar reverter cancelamentos de aportes feitos durante a tramitação da MP. O episódio reforçou a tensão entre o mercado financeiro e o governo em torno da política de arrecadação e da taxação dos super-ricos.