Como a filha de 4 anos de Mica Angela Hendricks salvou a arte da mãe

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:02

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Mica Angela Hendricks era uma boa ilustradora, não mais que isso. Tampouco era menos que isso, é verdade. Com traço preciso, fazia desenhos que misturavam o realismo com a caricatura. Chegou a ser publicada em revistas americanas de segundo escalão, mas não era exatamente uma estilista. Era uma boa ilustradora. Nada além disso e, ao mesmo tempo, era tudo isso.mica8

Mas seu trabalho parecia condenado a uma carreira desenhando para pouca gente ver. Quem você pode atingir na revista Retail Traffic? Ou na revista Bust? Pouca gente, e provavelmente pessoas sem grandes interesses em artes – uma coisa é publicar numa revista de pouca circulação, digamos que na Zupi, mas com muita gente ali interessada em arte; outra é numa publicação destinada a profissionais de logística varejista. Nada contra os varejistas, obviamente. Apenas, percentualmente, não é o melhor lugar para encontrar o público alvo de um artista.

Pois Mica Angela certa vez deixou sua filha de 4 anos terminar um de seus trabalhos. E essa foi a grande cartada da carreira da ilustradora. A obra feita em co-autoria com sua filha a levou para um patamar artístico que seus desenhos comuns jamais levariam. É brilhante. É lindo. É adorável. É comovente.mica6

É original.

Mica Angela não era uma estilista. Mas operando junto com sua filha, o trabalho ganhou um estilo único. A junção não apenas as tornou estilistas – as tornou grandes estilistas.

O trabalho artístico em grupo é um exercício de desapego. O artista quase sempre quer como ele quer. Não são raras as brigas em bandas. Ainda assim, é muito comum na música haver criação colaborativa. As bandas têm membros com funções diversas. Nas artes plásticas, não. Levando uma banda para o universo de um pintor, seria mais ou menos como se houvesse um cara para fazer os contornos, um outro para fazer as sombras, mais um para fazer as cores. Quiçá um para fazer o vermelho, outro para fazer o azul e assim por diante.

No mundo do cinema e do teatro a colaboração é também comum. Embora haja uma hierarquia muito mais clara do que a das bandas, há várias funções desempenhadas por muita gente que vai ser determinante no resultado final. Mesmo assim, há co-direções, da mesma forma com que há co-autorias.

Voltando ao mundo das artes plásticas, quem soube trabalhar em co-autoria foram Otávio e Gustavo Pandolfo, famosos como OsGêmeos. Quem sabe essas duas aspirantes a gênias não cheguem em breve ao mesmo patamar dos brasileiros – ou quem sabe mais longe ainda.

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