Como a operação mais letal do Brasil afetou a relação do PL com Cláudio Castro

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 18:18
Cláudio Castro. Foto: Divulgação

A operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, transformou o governador Cláudio Castro em um dos nomes mais comentados da política nacional.

A ação, classificada como a mais letal da história do país, reacendeu o debate sobre segurança pública e também gerou efeitos dentro do próprio Partido Liberal, onde aliados de Jair Bolsonaro começaram a especular uma possível saída de Castro da sigla.

Segundo interlocutores, o governador já teria sinalizado a pessoas próximas que não pretende deixar o PL, embora reconheça ter se sentido isolado pela direção nacional em diferentes momentos. A avaliação interna é que uma mudança de partido agora poderia ser interpretada como gesto de infidelidade política, algo que ele quer evitar em meio ao crescimento de sua popularidade.

O distanciamento entre Cláudio Castro e a cúpula do PL vinha sendo comentado há meses. A operação, porém, alterou esse cenário. Desde a semana passada, parlamentares e dirigentes que pouco o procuravam passaram a se aproximar, elogiando sua postura firme no combate ao crime organizado.

Cláudio Castro e Valdemar Costa Neto. Foto: Divulgação

Até o senador Flávio Bolsonaro, que raramente interage publicamente com o governador, publicou um vídeo elogiando sua atuação. Apesar disso, a relação de Castro com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, continua fria.

Fontes próximas afirmam que o governador vê o momento como uma virada em sua trajetória política. Ele tem dito em conversas reservadas que “se emancipou” de Bolsonaro e de seus filhos, acreditando ter força própria para disputar uma vaga no Senado em 2026 sem depender do clã bolsonarista.

Segundo aliados, Castro descarta qualquer projeto presidencial e quer concentrar sua influência no Rio de Janeiro. Enquanto enfrenta esse redesenho político, Castro também é pressionado por críticas à operação que lhe deu projeção nacional.

O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União pediram explicações ao governo do Rio sobre o elevado número de mortes e possíveis violações de direitos humanos. O governador, até agora, tem defendido a ação como necessária para “reconquistar o território dominado por facções criminosas”.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.