
A operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, transformou o governador Cláudio Castro em um dos nomes mais comentados da política nacional.
A ação, classificada como a mais letal da história do país, reacendeu o debate sobre segurança pública e também gerou efeitos dentro do próprio Partido Liberal, onde aliados de Jair Bolsonaro começaram a especular uma possível saída de Castro da sigla.
Segundo interlocutores, o governador já teria sinalizado a pessoas próximas que não pretende deixar o PL, embora reconheça ter se sentido isolado pela direção nacional em diferentes momentos. A avaliação interna é que uma mudança de partido agora poderia ser interpretada como gesto de infidelidade política, algo que ele quer evitar em meio ao crescimento de sua popularidade.
O distanciamento entre Cláudio Castro e a cúpula do PL vinha sendo comentado há meses. A operação, porém, alterou esse cenário. Desde a semana passada, parlamentares e dirigentes que pouco o procuravam passaram a se aproximar, elogiando sua postura firme no combate ao crime organizado.

Até o senador Flávio Bolsonaro, que raramente interage publicamente com o governador, publicou um vídeo elogiando sua atuação. Apesar disso, a relação de Castro com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, continua fria.
Fontes próximas afirmam que o governador vê o momento como uma virada em sua trajetória política. Ele tem dito em conversas reservadas que “se emancipou” de Bolsonaro e de seus filhos, acreditando ter força própria para disputar uma vaga no Senado em 2026 sem depender do clã bolsonarista.
Segundo aliados, Castro descarta qualquer projeto presidencial e quer concentrar sua influência no Rio de Janeiro. Enquanto enfrenta esse redesenho político, Castro também é pressionado por críticas à operação que lhe deu projeção nacional.
O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União pediram explicações ao governo do Rio sobre o elevado número de mortes e possíveis violações de direitos humanos. O governador, até agora, tem defendido a ação como necessária para “reconquistar o território dominado por facções criminosas”.