Como auxiliares de Lula avaliam conversa entre Mauro Vieira e Marco Rubio

Atualizado em 17 de outubro de 2025 às 12:40
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, e Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos. Foto: Divulgação

A equipe do presidente Lula avaliou como “muito melhor do que o imaginado” o encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. A reunião, que ocorreu nesta quinta (16), em Washington, foi o primeiro passo concreto para reaproximar os dois países após meses de tensões diplomáticas.

Segundo o blog do Valdo Cru no g1, interlocutores do Palácio do Planalto dizem que o encontro abriu “portas reais” para negociações comerciais e econômicas que vinham sendo travadas por motivos políticos. De acordo com auxiliares de Lula, a conversa marcou o início de uma nova fase na relação bilateral.

A expectativa é de que o componente político deixe de dominar as tratativas e dê lugar a uma agenda de pragmatismo econômico. Mesmo assim, o presidente pretende aproveitar o diálogo com Donald Trump para discutir temas sensíveis, como a revogação do tarifaço de 40% sobre exportações brasileiras e o fim das sanções aplicadas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a membros do governo.

A conversa privada entre Vieira e Rubio durou cerca de vinte minutos e teve caráter essencialmente estratégico. Ambos trocaram mensagens diretas que serão repassadas a Lula e Trump, abrindo caminho para um encontro entre os dois presidentes.

Na sequência, as equipes técnicas das duas pastas se reuniram para definir os pontos centrais das futuras negociações, que devem envolver comércio, tarifas e cooperação energética. O chanceler brasileiro reiterou o pedido para que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos seja suspenso de forma provisória enquanto as tratativas avançam.

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Lula, na Assembleia Geral da ONU, em setembro. Foto: Reprodução

Essa decisão, segundo fontes ligadas à diplomacia, deverá ser tomada durante o primeiro encontro presencial entre Lula e Trump, previsto para o próximo mês. A expectativa é de que o gesto seja interpretado como sinal de boa-fé e marque uma retomada histórica nas relações econômicas entre Brasília e Washington.

A nota conjunta divulgada após a reunião foi considerada um sinal inédito de compromisso por parte da equipe de Trump. Para o Itamaraty, esse movimento demonstra disposição real dos Estados Unidos em negociar em pé de igualdade, algo que não havia ocorrido desde o início do atual governo republicano.

Em Brasília, porém, o encontro também teve repercussões políticas internas. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro viram na aproximação de Lula com a Casa Branca uma derrota estratégica da extrema-direita. A percepção é de que Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ao se envolver em disputas ideológicas com a diplomacia americana, perdeu espaço e acabou prejudicando o próprio pai.

A leitura entre apoiadores do ex-presidente é de que Bolsonaro errou ao não conter as ações do filho, inicialmente entusiasmado com a aproximação com o trumpismo. Agora, avaliam que as chances do ex-mandatário escapar de uma eventual prisão estão mais distantes.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.