Como Bolsonaro usou “Abin Paralela” para ajudar seus filhos

Atualizado em 11 de julho de 2024 às 20:27
O vereador Carlos Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro, e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

O ex-presidente Jair Bolsonaro usou o esquema de espionagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para beneficiar os filhos. Investigação da Polícia Federal identificou que a estrutura da “Abin Paralela” foi usada contra seus adversários políticos e para ajudar ao menos dois membros do clã investigados.

A Abin Paralela foi usada contra o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) para ajudar Carlos Bolsonaro (PL), vereador no Rio de Janeiro. O parlamentar havia encaminhado um requerimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid pedindo a quebra de sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do filho do ex-presidente.

A estrutura determinava que membros do esquema combinaram de marcar o filho do ex-presidente em publicações que atacavam Vieira. Em uma mensagem interceptada pela PF, Marcelo Araújo Bormevet, que estava cedido para a Abin, escreveu: “Vamos difundir isto. Pede pra marcar o CB [Carlos Bolsonaro]”.

Na sequência, Giancarlo Gomes Rodrigues, membro do Exército que também estava cedido para atuar na Abin, respondeu: “Já estou municiando o pessoal”. A investigação da PF apontou que existia uma “difusão da desinformação com a devida ‘marcação’ de integrante do NÚCLEO-POLÍTICO CB – CARLOS BOLSONARO”.

Jair e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Reprodução

Investigadores também identificaram uma gravação de Bolsonaro, do então diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, e do então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, falando sobre a investigação de “rachadinha” contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Eles discutiram um plano para blindar o senador das investigações e Bolsonaro deu aval para Ramagem abrir procedimentos contra os auditores fiscais que investigavam o filho. O objetivo, segundo a gravação, seria “anular a investigação” e “retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.

A PF apontou que integrantes da Abin tentaram encontrar “podres e relações políticas” dos auditores da Receita. O servidor Christiano Paes Leme Botelho acabou sendo exonerado da chefia do Escritório da Corregedoria da Receita Federal no Rio de Janeiro (Escor07) após criar relatório que fundamentou a investigação contra Flávio.

Jair Renan, o 04, e seu pai, Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

A estrutura ilegal da Abin também foi usada para produzir provas a favor de Jair Renan, filho 04 do ex-presidente, enquanto ele era alvo de um inquérito por suspeita de tráfico de influência, que foi arquivada um ano depois.

Segundo mensagens encontradas pela PF, um dos membros da Abin Paralela pediu para fazer levantamentos sobre os “carros em nome do filho Renan”. O 04 foi investigado por supostamente receber presentes para abrir as portas do governo federal a empresas, mas não foi indiciado.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que diálogos captados pela PF mostram ainda que “os agentes também realizaram pesquisas envolvendo o inquérito policial instaurado contra Renan Bolsonaro, possivelmente a pedido do então do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também foi citado nas investigações. Segundo a PF, a Abin Paralela levantou informações sobre o senador Omar Aziz (PSD-AM), que foram publicadas por um perfil aliado e posteriormente replicada pelo filho do ex-presidente.

“A continuidade das investigações também evidenciou a utilização dos recursos da ABIN para monitorar autoridades dos Poderes Judiciário (Ministros desta CORTE e os seus familiares) e Legislativo (Senadores da República e Deputados Federais), com o objetivo de obter vantagens políticas”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes em decisão que autorizou a operação desta quinta (11).

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