O candidato bolsonarista a prefeito de Sumaré (SP), Henrique do Paraíso (Republicanos), enquanto era vice-prefeito da mesma cidade, levou seu amigo pessoal e empresário da noite Bruno Evoke ao cargo de secretário de Esportes do município.
Ele ocupou o referido posto até dez dias antes de um assalto cinematográfico executado por uma quadrilha do PCC – com direito a explosão de carro-forte em uma rodovia – que estarreceu o povo paulista que vive na região de Campinas, no interior do estado. Em outras palavras: o atual candidato bolsonarista ao posto de prefeito de Sumaré abriu as portas da administração do município a suspeitos de integrar o PCC e suas ações criminosas.
Mas é preciso começar do começo.
No dia 13 de novembro do ano passado, uma ação violenta e cinematográfica do PCC no interior de São Paulo chocou a população de Campinas, Sumaré, Piracicaba e região.
Foi na rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332),às 16h24, na altura do município de Cosmópolis, quilômetro 143. Lá, naquela hora, uma quadrilha armada para a guerra simplesmente explodiu um carro-forte, deixando dinheiro e metais retorcidos espalhados pelo asfalto, como se pode ver na foto abaixo.
Conforme relataram testemunhas e a polícia na época, o bando era composto por ao menos seis assaltantes, e estava em dois veículos, um atrás do carro-forte e outro no acostamento. O veículo que estava atrás deu luz para o carro-forte e ele não parou. Então, criminosos que estavam no acostamento começaram a fazer vários disparos sobre o blindado. Aparentemente, deram também um tiro de bazuca.
O veículo blindado ficou completamente destruído e pegou fogo, restou só o que se vê abaixo.
Motoristas que passavam pelo local descreveram cenas de horror, em que os criminosos atiraram em sua direção. Dos funcionários da transportadora de valores do carro-forte, dois saíram ilesos e dois precisaram de atendimento médico, mas não ficaram feridos a bala, apesar do tiroteio com fuzis. A Santa Casa de Cosmópolis informou que eles tiveram quadro de pânico e pressão alta.
Após o episódio bárbaro, os bandidos deram fuga em dois veículos, sendo um deles uma caminhonete branca com um adesivo de veículo oficial Sabesp. Segundo os policiais, o motivo era reduzir as chances do automóvel ser parado para verificação em uma eventual operação policial ao longo do trajeto.
Nos dias seguintes, na esteira das investigações da Polícia Civil de São Paulo, foi preso o primeiro suspeito, identificado entre os que estavam presentes na ação que explodira o carro-forte. Já havia sido preso por roubo e sequestro. Deu no Datena.
No decorrer do inquérito, o delegado de polícia obteve autorização judicial para grampear suspeitos e acabou por apreender a caminhonete branca utilizada na fuga.
Os investigadores vieram a descobrir quem era o dono da caminhonete, e, assim, no dia 5 de dezembro do ano passado, ele se tornou o segundo suspeito preso pela operação explosiva na SP-332.
Seu nome é Bruno César Pereira, mais conhecido como Bruno “Evoke”, empresário dono de casa noturna, 37 anos e ex-secretário de Esportes de Sumaré, cidade de 280 mil habitantes a 126 quilômetros da capital. Deu na Globo.
Prontamente, no mesmo dia da prisão, o prefeito de Sumaré, Luiz Dalben (PSD), publicou nota oficial, informando que aquele senhor que estava sendo preso já havia sido exonerado de seu cargo público, e que a prefeitura já não podia ser responsabilizada por seus atos.
Já o que o prefeito não informou é que a exoneração – que ele mesmo assinara – só ocorreu no dia 20 de outubro de 2023, menos de duas semanas antes do assalto espetacular acontecer, conforme se vê em trecho do Diário Oficial do município daquela data.
Mas como o empresário da noite, preso como membro de uma quadrilha do PCC acusada foi parar na secretaria de Esportes de Sumaré?
A danceteria de propriedade do ex-secretário é a “Evoke Sunset”. A casa já chegou a receber mais de 500 pessoas simultaneamente em noites de sucesso.
Além das centenas de frequentadores anônimos que visitam o estabelecimento, Evoke costuma receber também seus amigos de longa data em camarotes de sua casa noturna. Entre eles, já esteve o então vice-prefeito de Sumaré, Henrique do Paraíso (Republicanos), que também já teve empresa da área de eventos.
Na realidade, é Henrique do Paraíso, então vice-prefeito de Sumaré e de Luiz Dalben, e atual candidato a prefeito da cidade, o responsável pela entrada de Evoke na administração pública do município paulista. É ele a porta de entrada do suspeito de integrar a quadrilha do PCC na prefeitura de Sumaré.
Não é segredo para ninguém nos círculos pessoais e políticos de Henrique do Paraíso e de Sumaré que o candidato e Evoke são amigos de longa data, e que foi o vice-prefeito quem levou o suspeito para o secretariado municipal.
Após a prisão, as redes de Evoke foram “recicladas”, com centenas de fotos apagadas. Nelas, não mais constam as imagens de anos a fio com Henrique e Evoke nos mais variados eventos pessoais juntos, como, por exemplo, em festas de família do suspeito de integrar o PCC prestigiadas pelo candidato, como se vê abaixo.
Ou no QG eleitoral de Henrique em 2018, quando o atual candidato a prefeito tentava uma vaga na Cãmara dos Deputados.
Ou em churrascos de aniversário.
E assim segue Sumaré, prestes a eleger, segundo as poucas e não tão confiáveis pesquisas disponíveis, o candidato Henrique do Paraíso, que defende a família, é contra a corrupção, os comunistas, os destruidores da sociedade. E que levou um suspeito preso de ser membro do PCC e de quadrilhas explosivas ao primeiro escalão do Poder Executivo municipal. Segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), “pode confiar!”