Como está o humor de Bolsonaro em meio ao julgamento no STF

Atualizado em 4 de setembro de 2025 às 13:33
O ex-presidente Jair Bolsonaro na garagem da casa em que cumpre prisão domiciliar, em Brasília. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

No início do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista, Jair Bolsonaro tem se mostrado abatido, com “olhar perdido” e em clima de derrota, segundo relatos de aliados próximos. O ex-presidente apareceu mais conformado e resignado com uma provável condenação após o segundo dia da análise do processo.

Segundo a coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo, pessoas próximas a Bolsonaro dizem que ele não tem dúvidas de que receberá uma pena alta, possivelmente acima de 30 anos. Ainda assim, está se sentindo “representado” pelas defesas apresentadas por seus dois advogados perante a Primeira Turma do STF, o que lhe trouxe algum alívio momentâneo.

Apesar da melhora no humor, aliados e familiares de Bolsonaro têm dito que ele está com problemas de saúde. Segundo o coronel Ricardo Augusto de Mello Araújo (PL), vice-prefeito de São Paulo, ele está triste, abatido e perdeu 3 kg desde o início da prisão domiciliar. Ontem, o vereador Carlos Bolsonaro (PL) disse que “o velho não está bem e depende de medicações”.

Outro fator que ajudou a melhorar seu humor foram as conversas com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira, que assegurou estar “firme” na defesa de uma anistia ampla para os envolvidos no 8 de janeiro, incluindo o próprio Bolsonaro. Essa possibilidade, embora incerta, reacendeu alguma esperança.

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Foto: Andre Penner/AP

O movimento do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em Brasília, articulando reuniões com lideranças como Hugo Motta e Davi Alcolumbre para tratar da anistia, também deu a Bolsonaro a sensação de que pode haver um “alívio no médio prazo”.

Mesmo assim, ele admite não saber de que forma esse benefício poderia se concretizar, já que dependeria de negociações com o Supremo, o Senado e a própria direita. As articulações são vistas como uma tentativa de neutralizar a ofensiva de Eduardo Bolsonaro.

O discurso do deputado de que Tarcísio estaria se viabilizando como candidato sem o pai ganhou força em círculos bolsonaristas, o que poderia atrapalhar os planos eleitorais do grupo para 2026. Um interlocutor apontou que Tarcísio só avançará em uma candidatura presidencial se tiver o aval de Bolsonaro.

Caso contrário, deve disputar a reeleição em São Paulo. “Sem esse apoio, não haveria como continuar numa campanha presidencial”, afirmou.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.