Como eu vejo Lula, o homem que tem os piores inimigos. Por Pedro Cardoso

Atualizado em 22 de maio de 2020 às 13:57
Pedro Cardoso e Lula. Foto: Reprodução/Globo/Wikimedia Commons

Publicado originalmente no Instagram do autor

POR PEDRO CARDOSO, ator

Venho compartilhar inquietação sobre retórica, erros e retratações. Luís se retratou do acidente retórico ocorrido em sua observação sobre a pandemia ter evidenciado o valor dos serviços públicos. É sempre um ato de grandeza. Ninguém está livre de tropeços verbais. Reconhece-los e corrigi-los é evidência de honestidade ou de esperteza.

No caso de Lula, creio ser as duas coisas simultaneamente. Lula nunca foi um nazifascista assassino sádico. Terá outros defeitos menores, não estes. Mas minha inquietação quanto a ele persiste. Nossos erros não são fortuitos. São resultado de tendências da nossa personalidade, algumas já organizadas em vícios psicológicos. Quando nos desculpamos sem nos indagarmos o que nos levou ao erro é certo das razões de errar não termos nos livrado. O erro, desculpado por ter sido acidental, haverá de se repetir indefinidamente.

Lula é um retórico como quase todos os políticos o são. Fez-se fazendo discursos. Crê ter se tornado indestrutível pois se despersonalizou numa ideia, como ele disse.

Lula é um homem que tem os piores inimigos; tem sido perseguido; mas não o posso aceitar maior que a humanidade dele. Ninguém é. Que Lula deixe de ser uma ideia e reencarne em sua pessoa é importante para o momento. O PT retém uns 25% do eleitorado que o segue cegamente e uns outros, não sei quantos, conscientemente.

É difícil uma vitória eleitoral sem a participação dele. Melhor seria que todos os seus apoiadores o fossem por reflexão e não por devoção. Mas cabe a Lula oferecer a sua humanidade em lugar do seu endeusamento. Só o fará, qdo e se, indagar-se sobre a natureza íntima dos seus erros.

Creio nisso e tento me questionar quanto aos meus. Lula, como Brizola – e tantos! – creem que discursos convictos provocam mudanças. Eu não. Creio que a dúvida é que as faz acontecer. A retórica vazia embriaga a vaidade apenas. A beleza de Lula antes do poder era a dúvida q havia na retórica dele.

Quem sou eu para juga-lo? Mas quem é ele além de alguém como qualquer um de nós? Só para constar: votei no PT quase sempre.

View this post on Instagram

Bom dia, de novo. Venho compartilhar inquietação sobre retórica, erros e retratações. Luís se retratou do acidente retórico ocorrido em sua observação sobre a pandemia ter evidenciado o valor dos serviços públicos. É sempre um ato de grandeza. Ninguém está livre de tropeços verbais. Reconhece-los e corrigi-los é evidência de honestidade ou de esperteza. No caso de Lula, creio ser as duas coisas simultaneamente. Lula nunca foi um nazifascista assassino sádico. Terá outros defeitos menores, não estes. Mas minha inquietação quanto a ele persiste. Nossos erros não são fortuitos. São resultado de tendências da nossa personalidade, algumas já organizadas em vícios psicológicos. Quando nos desculpamos sem nos indagarmos o que nos levou ao erro é certo das razões de errar não termos nos livrado. O erro, desculpado por ter sido acidental, haverá de se repetir indefinidamente. Lula é um retórico como quase todos os políticos o são. Fez-se fazendo discursos. Crê ter se tornado indestrutível pois se despersonalizou numa ideia, como ele disse. Lula é um homem que tem os piores inimigos; tem sido perseguido; mas não o posso aceitar maior que a humanidade dele. Ninguém é. Que Lula deixe de ser uma ideia e reencarne em sua pessoa é importante para o momento. O PT retém uns 25% do eleitorado que o segue cegamente e uns outros, não sei quantos, conscientemente. É difícil uma vitória eleitoral sem a participação dele. Melhor seria que todos os seus apoiadores o fossem por reflexão e não por devoção. Mas cabe a Lula oferecer a sua humanidade em lugar do seu endeusamento. Só o fará, qdo e se, indagar-se sobre a natureza íntima dos seus erros. Creio nisso e tento me questionar quanto aos meus. Lula, como Brizola – e tantos! – creem que discursos convictos provocam mudanças. Eu não. Creio que a dúvida é que as faz acontecer. A retórica vazia embriaga a vaidade apenas. A beleza de Lula antes do poder era a dúvida q havia na retórica dele. Quem sou eu para juga-lo? Mas quem é ele além de alguém como qualquer um de nós? Só para constar: votei no PT quase sempre.

A post shared by Pedro Cardoso (@pedrocardosoeumesmo) on