Como foi a reunião entre Bolsonaro e Moraes citada em áudio vazado

Atualizado em 22 de março de 2024 às 13:04
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foto: reprodução

Uma reunião secreta entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos primeiros dias de dezembro de 2022, veio à tona por meio de áudios do tenente-coronel Mauro Cid obtidos pela revista Veja. O encontro ocorreu na residência do senador Ciro Nogueira (PP), no Lago Sul, em Brasília, e durou mais de duas horas.

Segundo os relatos, Nogueira, na época ministro da Casa Civil, tentou convencer Bolsonaro a reconhecer publicamente a vitória de Lula nas eleições presidenciais. Ele teria intermediado a gravação de um vídeo em que Bolsonaro solicitava o desbloqueio de estradas por parte de manifestantes anti-Lula em novembro. Moraes estava ciente das ações de Ciro e aceitou o convite para a reunião.

“Quando eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente [Bolsonaro], eles ficaram desconcertados. Desconcertados”, disse Cid em um áudio que, segundo ele, foi um desabafo enviado a um colega sobre sua delação premiada.

“Eu falei ‘ó, quer que eu fale? Não vão botar no papel, eu vou me foder’. Mas no presidente [Bolsonaro] encontrou Alexandre de Moraes secretamente na casa do Ciro Nogueira”, afirmou o ex-ajudante de ordens, a fim de indicar que o ministro do STF já teria a sentença do ex-presidente pronta, usando os depoimentos apenas como viés de confirmação de uma “narrativa”.

No entanto, apesar da longa conversa, não houve recuo por parte de nenhum dos dois líderes políticos. Mesmo após Ciro deixar o recinto, permitindo que Bolsonaro e Moraes conversassem a sós, não houve gestos de reconciliação entre eles.

O ex-presidente não seguiu o conselho do então ministro da Casa Civil, optando por não reconhecer a vitória de Lula, sob influência da ala ideológica que temia desagradar seu eleitorado, muitos dos quais clamavam por uma intervenção militar.

Entre os que se opuseram ao discurso de reconhecimento estão Braga Netto, Onyx Lorenzoni, Filipe Martins e militares como Mauro Cid.

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