Como foi a viagem de Flávio Bolsonaro a Las Vegas, bancada com dinheiro público, na mesma época que Danilo Trento

Atualizado em 23 de setembro de 2021 às 16:43
O senador Irajá, Gilson Machado, Flávio Bolsonaro e Hélio Negão em Las Vegas

Na CPI desta quinta-feira (23), foi revelado que o diretor da Precisa Medicamentos Danilo Trento viajou para Las Vegas entre 23 e 27 de janeiro do ano passado.

Naquele mesmo período, uma comitiva do Senado foi para lá. Entre os integrantes estava Flávio Bolsonaro, que requisitou a viagem. A informação foi levada, acredite se quiser, pelo senador Eduardo Girão.

Segundo documento entregue por ele e lido pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a viagem de Flávio foi autorizada pelo então presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e usou dinheiro público.

Ele estava com Gilson Machado, na época presidente da Embratur, o papagaio de pirata Hélio Negão e o senador Irajá (PSD-TO), filho de Kátia Abreu.

Ao todo, Flávio e Irajá receberam R$ 26.928,72 para custear as hospedagens.

A agenda incluiu uma reunião com o presidente do Las Vegas Sand Coorporation, Sheldon Adelson, o bilionário que contribuiu com 25 milhões de dólares para a campanha de Donald Trump e convenceu o presidente dos EUA a mudar a embaixada de Israel de Tel Aviv para Jerusalém.

A legalização dos cassinos no Brasil foi tema de conversa entre Bolsonaro e Trump, em Washington. Essa era uma das principais bandeiras do senador Ciro Nogueira.

O site especializado iGamingBrazil tratou do assunto:

A comitiva brasileira liderada pelo senador Flávio Bolsonaro foi recebida no primeiro dia de trabalho em Las Vegas por Rob Goldstein, CEO do Grupo LVS, do magnata Sheldon Adelson. ‘O Brasil é o interesse número 1 do Las Vegas Sands para investir US$ 15 bilhões ainda em 2020, basta que regulemos o assunto para que tenham transparência e segurança jurídica’, diz o filho do presidente nos corredores do cassino Venetian e mostrando assim seu claro apoio à legalização dos cassinos integrados no País para este ano.

Acompanhado pelo presidente da Embratur, Gilson Machado, e o deputado Hélio Lopes, Bolsonaro teve o primeiro dos encontros que o grupo tem marcado para sua estadia em Las Vegas com investidores e autoridades.

Gilson Machado, Flávio Bolsonaro e Hélio Negão em Las Vegas

Em suas redes sociais, Bolsonaro fez um post intitulado: “INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS: mais turistas, mais empregos para brasileiros”, onde descreveu parte de seu encontro com o poderoso grupo de cassinos Las Vegas Sands e inclusive subiu um vídeo curto da reunião.

“Recém chegados a Las Vegas, nos reunimos com um grupo de investidores estrangeiros especialistas em resorts integrados. Ouvimos do CEO e Presidente do Grupo, Rob Goldstein, que já foram procurados por vários países, mas o interesse número 1 é no Brasil”, comentou Bolsonaro.

O anfitrião do encontro, Rob Goldstein, é presidente e COO do Las Vegas Sands (LVS) desde 2015, depois de ocupar vários cargos de liderança desde que ingressou na empresa em 1995. Como presidente e COO, ele fornece orientação estratégica para as propriedades globais da empresa, guia a busca de novas oportunidades de desenvolvimento e supervisiona os esforços da companhia para maximizar continuamente o valor de seus negócios aos acionistas.

“Estão dispostos a investir cerca de US$ 15 bilhões ainda em 2020. Basta fazermos nosso dever de casa”, acrescentou Bolsonaro em clara referência ao trabalho que devem fazer de imediato os políticos e legisladores para votar de uma vez por todas na legalização dos cassinos e deixar de perder essas oportunidades de investimento, emprego, turismo e geração de impostos.

Após o encontro, nos corredores do cassino do Hotel Venetian, o senador gravou outra mensagem em vídeo junto com Machado e Lopes. “Recebemos cerca de 6,6 milhões de turistas ao ano, menos que o elevador da torre Eiffel (Paris) sozinho. Por diversas razões, turistas com alto poder aquisitivo deixam de conhecer tudo de bom que nós temos, para todos os gostos, seja por não saberem disso seja por causa do noticiário distorcido e exagerado que chega fora do Brasil e os assusta”, afirmou Bolsonaro.

“Resorts integrados, como os existentes em Singapura, por exemplo, geram milhares de empregos e alimentam toda uma cadeia produtiva, num curto espaço de tempo. Fizemos mais uma importante reunião, em que grandes empresas reforçaram a disposição de investir bilhões no Brasil, desde que regulemos o assunto para que tenham transparência e segurança jurídica”, conclui o filho do presidente, que expressamente se mostrou a favor de legalizar a atividade dos cassinos.