Como funciona esquema do banco falso de Pablo Marçal

Atualizado em 2 de setembro de 2024 às 16:07
Pablo Marçal, coach e candidato à Prefeitura de São Paulo. Foto: reprodução

O coach e candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, tem promovido o General Bank como seu próprio banco, mas a realidade por trás dessa plataforma on-line é bem diferente do que ele afirma.

O influencer bolsonarista, em várias palestras e entrevistas, declara ter aberto o banco após se decepcionar com as instituições financeiras tradicionais, mas a plataforma só funciona como uma intermediária para outro banco.

“O dia que eu comecei a ter clareza na minha vida, o que eu quis? Eu quis abrir um banco. Eu tenho um banco, o General Bank”, afirmou ele em um dos vídeos. Ele ainda enfatizou que a instituição “já está autorizada” a operar, mas não revelou detalhes, afirmando que “tem muito negócio, a gente nem fica fazendo propaganda para não parecer camelódromo digital”.

No fim de 2023, pouco tempo após o lançamento, o candidato pelo PRTB já se apresentava como banqueiro, afirmando que o serviço já estava disponível para os clientes. “Vocês nunca me viram emprestar dinheiro, mas lá vou emprestar”, disse em um podcast.

No entanto, o General Bank não é realmente um banco e tampouco pertence a Marçal. O que existe, na verdade, é um registro da marca “General Bank” no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que abrange desde serviços bancários até uma loja de cursos on-line.

Essa marca é de propriedade de Marçal, mas isso não o torna dono de uma instituição financeira. A plataforma, disponível em apps do Google e da Apple, é gerida pela empresa BRM1 Administradora, cujo único sócio é Bruno Pierro, amigo do coach e apoiador de sua campanha. Já o site do suposto banco está fora do ar desde a manhã desta segunda-feira (2).

Pierro, que se autointitula “co-founder” do General Bank ao lado de Marçal, é conhecido por prometer segredos para “faturar um milhão com qualquer negócio”. Ele também demonstrou apoio ao candidato quando o bolsonarista teve suas contas nas redes sociais bloqueadas pela Justiça Eleitoral por suspeita de abuso de poder econômico, acusação que o candidato nega.

O nome de Pablo Marçal não consta no contrato social do General Bank. Foto: reprodução

O General Bank, promovido pelo coach como se fosse uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central (BC), na verdade, não possui tal autorização. Correntistas que baixam o aplicativo e desejam abrir uma conta são cobrados em R$ 45 para realizar o cadastro, mas, na realidade, a conta aberta é no Asaas, uma instituição financeira devidamente registrada no BC que oferece o mesmo serviço de forma gratuita.

A tarifa de R$ 45, cobrada pela plataforma General Bank, é direcionada para a conta da empresa de Bruno Pierro, a BRM1. O contrato oferecido pela instituição contém uma descrição vaga e mal pontuada de como a empresa pode cobrar tarifas por seus serviços.

“A contratação da assinatura dos serviços da plataforma General Bank é necessária pois, é através dela que você será incluído no rol de usuários ativos”, afirma um trecho. A plataforma também cobra R$ 6,50 por saques e R$ 45 por um “plano de assinatura” que é imposto ao usuário logo ao entrar no aplicativo.

Apesar de a conta e os serviços serem, na verdade, do Asaas, a única menção a essa instituição no contrato do General Bank é em um parágrafo que informa que “o Asaas é a instituição financeira responsável pelo provimento do Pix, ou seja, pela intermediação de transações Pix realizadas na plataforma”.

Dessa forma, o General Bank não passa de uma intermediária que cobra dos clientes por serviços que poderiam ser obtidos diretamente e gratuitamente no Asaas.

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