Como funciona o modelo inglês de regulação da mídia que Lula defende

Atualizado em 26 de agosto de 2021 às 9:37
Lula no Jornal Nacional em 2002.
Foto: Reprodução

Lula vem causando comoção entre a direita bolsonarista e a liberal ao falar sobre regulamentação da mídia.

Em entrevista nesta quinta, 26, ele afirmou preferir o modelo inglês e se declarou contra a censura porque “é vítima dela”.

É uma histeria coletiva antiga, desonesta e que aposta na desinformação para que não se mexa num modelo ultrapassado, concentrador e anticapitalista.

O DCM fez uma ampla cobertura do assunto. Em 2014, explicamos como funciona na Inglaterra:

Classificada pela ex-presidente Dilma Rousseff como uma das “mais duras” do mundo, a legislação do Reino Unido para regulação da mídia surgiu na esteira do escândalo de escutas ilegais feitas por tabloides britânicos.

A lei visa à regulação da atividade de jornais e revistas. Além dela, há outra regulação, mais antiga, para emissoras de TV e rádio.

Em 2011, uma comissão judicial, coordenada pelo juiz Brian Leveson, passou a analisar desvios de ética na mídia após um escândalo envolvendo principalmente tabloides. Em um dos casos, um jornal hackeou o telefone de uma estudante assassinada e apagou mensagens da caixa eletrônica, o que deu à família e à polícia a esperança de que ela pudesse estar viva.

O relatório final do chamado inquérito Leveson afirmou que a imprensa “causou dificuldades reais e, algumas vezes, estragos na vida de pessoas inocentes, cujos direitos e liberdades foram desprezados”.

Um dos desdobramentos da investigação foi a criação, em novembro deste ano, do Press Recognition Panel, painel que supervisiona um órgão de autorregulação e tem poder de aplicar multas de até um milhão de libras (R$ 4 milhões) às publicações, além de impor direito de resposta e correções a jornais, revistas e site noticiosos.

A filiação dos veículos ao novo sistema não é obrigatória, mas há diversos “incentivos” para que façam parte: por exemplo, o veículo que não integrar o órgão precisa pagar as custas judiciais dos processos de acusação, mesmo se sair vencedor.

À época da criação do órgão, os principais jornais britânicos disseram que o modelo poderia sujeitar os veículos à interferência indevida de políticos.

Até o momento, apenas o Daily Telegraph aderiu ao novo sistema. A expectativa é que o Financial Times não se envolva, mas os outros dois grandes jornais, Independent e Guardian, deixaram a possibilidade de adesão em aberto. O órgão deve entrar em funcionanmento pleno no ano que vem.

Emissoras de rádio e TV, por sua vez, são reguladas por outro órgão, o Ofcom. O órgão também é responsável pela telefonia, serviços postais e internet.

Entre as atribuições do Ofcom estão garantir a pluralidade da programação de TVs e rádios, garantir que o público não seja exposto a material ofensivo, que as pessoas sejam protegidas de tratamento injusto nos programas, e que tenham sua privacidade invadida.

 

Bolsonaro foi produzido por Veja e Globo e parido por Moro, diz Lula

Em entrevista à jornalista Patrícia Calderón, o ex-presidente falou sobre o papel da mídia na ascensão de Bolsonaro.

“O Bolsonaro foi uma criatura feita pela imprensa brasileira”, afirmou o petista.

“A Rede Globo e a revista ‘Veja’ produziram Bolsonaro. Pariram Moro e ele é um dos responsáveis por parir Bolsonaro.”

A conversa vai ao ar no sábado (28), na Jovem Pan News de Fortaleza.

Eleitores da ‘terceira via’ se aproximam mais de Lula que de Bolsonaro

E os eleitores da ‘terceira via’? Se só puderem votar em Lula ou em Bolsonaro, em quem votariam?

Eles pensam mais parecido com quem vota em Lula do que com quem escolhe Bolsonaro.

Isso consta nos dados de uma pesquisa da Genial/Quaest.

De acordo com o levantamento, 44% dos eleitores do presidente concordam com a flexibilização de compra e posse de armas, enquanto só 11% dos que votam em Lula e 19% dos adeptos à terceira via são a favor.

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