Como funcionava a seita liderada pela família de Djidja Cardoso no AM

Atualizado em 1 de junho de 2024 às 11:00
A empresária Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, a mãe dela, Cleusimar Cardoso, e o irmão Ademar Cardoso (da esquerda para a direita). Foto: reprodução

A morte da empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, na última terça-feira (28) em Manaus (AM), trouxe à tona um grupo religioso conhecido como “Pai, Mãe, Vida”, liderado por Cleudimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, junto com outros três funcionários da família, todos agora presos.

O grupo realizava rituais que envolviam o uso indiscriminado de cetamina, uma droga sintética de uso veterinário com efeitos alucinógenos, conforme informações do G1. As investigações também revelaram que algumas vítimas do grupo foram submetidas a violência sexual e aborto.

De acordo com a Polícia Civil, o caso estava sendo investigado há 40 dias e Djidja Cardoso também estava envolvida no esquema. A investigação está apurando se a morte da ex-sinhazinha foi causada por overdose de cetamina, pois seu corpo foi encontrado pelos policiais com sinais de overdose e havia frascos de cetamina na casa.

Como funcionava o grupo?

Os lideres

De acordo com as investigações, o grupo era liderado por Cleudimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja. Eles acreditavam que Ademar era Jesus Cristo, Cleudimar era Maria, e Djidja seria Maria Madalena. O grupo promovia o uso de cetamina como meio de alcançar a elevação espiritual.

Os recrutadores

As investigações indicam que Verônica, Claudiele e Marlisson eram responsáveis por adquirir e administrar a droga para aqueles que desejavam experimentá-la. Além disso, esses membros também persuadiam outros funcionários e pessoas próximas à família a se unirem ao grupo, onde a cetamina era utilizada.

Como agiam?

A polícia revelou que os rituais ocorriam tanto nos salões de beleza quanto na residência da família. Durante as buscas, foram encontradas ampolas de cetamina, seringas e agulhas nos locais.

Ademar, irmão de Djidja, se apresentava nas redes sociais como um “guru” capaz de ajudar as pessoas a “sair da Matrix”.

Em uma de suas publicações, ele escreveu: “Saia da Matrix e venha viver esse amor em ‘Uno’ comigo! Me manda um direct se você estiver perdido em sua trajetória existencial, se quiseres respostas que nunca conseguiram te dar, eu posso te ajudar”.

Vale destacar também que tanto Ademar quanto a mãe também possuem “Pai, Mãe, Vida”, o nome do grupo,  tatuado no corpo.

Ademar e Claudimar exibem tatuagens com nome do grupo religioso — Foto: Divulgação
Ademar e Claudimar exibem tatuagens com nome do grupo religioso — Foto: Divulgação

A investigação

“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo religioso”, disse Cícero Túlio, delegado responsável pelo caso.

A repercussão da morte de Djidja levou a Polícia Civil a lançar a Operação Mandrágora, que resultou nas prisões preventivas dos cinco integrantes do grupo religioso.

Durante as buscas realizadas na quinta-feira (30) e na sexta-feira (31), foram apreendidos centenas de seringas, produtos para acesso venoso, agulhas e cetamina, além de celulares, documentos e computadores na residência da família, no salão de beleza e em uma clínica veterinária.

Estão presos: Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja Cardoso; Cleudimar Cardoso Rodrigues, mãe de Djidja; Verônica da Costa Seixas, gerente dos salões de beleza Belle Femme, pertencentes à família Cardoso; e Claudiele Santos da Silva, maquiadora do mesmo salão.

Segundo a polícia, o grupo será indiciado por tráfico de drogas, associação para o tráfico, colocar em risco a saúde ou a vida de terceiros, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto induzido sem o consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.

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