Como a Justiça Federal em Cascavel, no Paraná, liga Moro a Gebran, do TRF 4

Atualizado em 24 de dezembro de 2017 às 10:02
Moro e Gebran

O jornal O Estado de S. Paulo publicou um bom artigo de Luiz Maklouf de Carvalho sobre o que une Sergio Moro a João Pedro Gebran Neto, um juiz e outro relator no Tribunal Regional Federal da 4a. Região do processo do ex-presidente Lula.

Os dois trocam elogios em livros publicados.

Na obra “A aplicação imediata dos direitos e garantias individuais – A busca de uma exegese emancipatória”, de 2002, Gebran escreveu no segundo parágrafo dos agradecimentos:

“Desde minhas primeiras aulas no curso de mestrado encontrei no colega Sérgio Fernando Moro, também juiz federal, um amigo. Homem culto e perspicaz, emprestou sua inteligência aos mais importantes debates travados em sala de aula, até instigando-me ao estudo da aplicação imediata dos direitos individuais e coletivos. Nossa afinidade e amizade só fizeram crescer nesse período, sendo certo que colaborou decisivamente com sugestões e críticas para o resultado desse trabalho.”

Mas não é só isso que os aproxima.

O relacionamento tem raízes na Vara Federal de Cascavel, no Paraná, perto da fronteira com o Paraguai. Gebran instalou a Vara, no início da década de 90, foi juiz lá durante alguns anos, sendo sucedido por um juiz que ficou pouco tempo até que assumiu Sergio Moro, depois de servir alguns anos como substituto em uma vara previdenciária de Curitiba.

Moro foi quem conduziu correições do tempo de Gebran e, certamente, sabe do antecessor muito mais do que qualquer outro servidor público.

A relação dos dois já chegou a ser questionada por advogados que atuam na Lava Jato.

No final do ano passado, a defesa de Palocci e a de seu ex-assessor Branislav Kontic entraram com recurso no TRF4 alegando que o desembargador não deveria analisar os casos por ter laços de amizade e compadrio com Moro.

Gebran negou o recurso, afirmando não ser padrinho de nenhum dos filhos de Moro.

Afirmou ainda que ele e Sergio foram contemporâneos no programa de pós-graduação da UFPR e tiveram o mesmo orientador. Fizeram “enriquecedores debates acadêmicos”.

Em sua passagem por Cascavel, Moro formou também uma equipe. A técnica judiciária Ivanice Grosskopf era seu braço direito.

Quando ele foi para Curitiba assumir a vara que passaria a ser especializada em lavagem de dinheiro, Ivanice o acompanhou. Fizeram juntos o caso Banestado e estão juntos na Lava Jato.

O fato de Moro ter sucedido Gebran em Cascavel não é, por si só, razão para suspeição do relator no TRF4.