
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou ter “nervos de aço” para enfrentar o que considera um momento crítico: a aproximação de uma frota naval dos Estados Unidos sob a justificativa de combate ao narcotráfico. A operação mobiliza 4,5 mil militares, navios de assalto anfíbio, contratorpedeiros, submarino nuclear e aeronaves de vigilância.
Dentro do país, analistas e militares avaliam cenários que vão desde violações do espaço aéreo até ataques cirúrgicos a bases estratégicas ou figuras do governo. Relatórios de consultorias e fontes próximas ao Palácio de Miraflores consideram “baixo” o risco de uma invasão total, mas não descartam ações pontuais.
Um dos cenários comparados é o ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani, em 2020, ou mesmo a invasão do Panamá em 1989, quando os EUA capturaram Manuel Noriega. Analistas lembram que, durante seu primeiro mandato, Donald Trump cogitou medidas mais duras contra Caracas, mas encontrou resistências no Pentágono.
O atual secretário de Estado, Marco Rubio, tem avaliado a possibilidade de repetir algo nos moldes da Operação Gedeon, fracassada em 2020, quando dissidentes venezuelanos e paramilitares americanos tentaram invadir o país a partir da Colômbia. “A ideia é voltar a contar com a colaboração de paramilitares americanos”, relatou uma fonte do governo sobre reuniões recentes.
Na prática, a chegada da frota foi adiada por causa do furacão Erin, que obrigou parte do Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima a retornar para a Virgínia. A previsão é que os navios retomem a rota e se aproximem da costa venezuelana no domingo.
Analistas acreditam que Trump pode usar a diretiva que autoriza emprego das Forças Armadas no combate ao narcotráfico para justificar uma ofensiva contra Maduro, acusado por Washington de chefiar um narcoestado.

Um relatório político obtido pela imprensa americana avalia como mais provável a adoção de restrições navais e financeiras para pressionar Caracas, com impacto direto sobre o petróleo. Uma possível reação de Maduro seria retaliar empresas americanas, como a Chevron, e ampliar a venda de petróleo à China, o que elevaria a tensão bilateral.
Apesar da tensão, a rotina em Caracas segue sem grandes alterações. Moradores próximos a bases militares demonstram cautela e alguns deixaram a capital, mas não há corrida a supermercados ou fuga em massa. Maduro tem buscado transmitir normalidade, percorrendo ruas da cidade e até andando de moto em aparições públicas.
A cúpula chavista também reforça o discurso de resistência. “Estamos diante do desenvolvimento de uma narrativa para justificar uma agressão”, declarou o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López. Já Diosdado Cabello, número 2 do governo, afirmou em seu programa de TV: “Se entrarem no país, saberemos o que fazer”.