Como Marcos do Val conseguiu fugir para os EUA? Veja o que se sabe

Atualizado em 25 de julho de 2025 às 13:05
O senador Marcos do Val. Foto: Divulgação

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) deixou o Brasil com destino aos Estados Unidos durante o recesso parlamentar, desafiando diretamente ordens do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia determinado a apreensão de seus passaportes.

A viagem ocorreu a partir de Manaus (AM), onde o parlamentar embarcou com o passaporte diplomático, mesmo com restrição judicial expressa que impedia sua saída do país. Ele é investigado por envolvimento na tentativa de anular as eleições de 2022, por ataques a autoridades e pela divulgação de dados sigilosos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O bolsonarista também é alvo de novo inquérito autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes após ter publicado ameaças a policiais federais, inclusive expondo nomes e fotos de agentes que atuam nos inquéritos conduzidos no STF.

Em nota, o senador alegou que sua documentação diplomática está válida e negou qualquer irregularidade, afirmando que a viagem foi comunicada previamente às autoridades competentes, incluindo o próprio STF. A afirmação contradiz decisão formal de Moraes, que havia negado, no dia 16 de julho, pedido de autorização para o parlamentar viajar com a família a Orlando (EUA).

O ministro justificou a negativa com o argumento de que as investigações seguem em andamento e que cabe ao réu adaptar sua rotina às cautelares impostas. O parlamentar alegou também que o passaporte diplomático, expedido pelo Itamaraty, segue válido até julho de 2027, e que seu visto oficial para entrada nos Estados Unidos foi renovado até 2035.

O senador Marcos do Val. Foto: Divulgação

A Polícia Federal chegou a realizar buscas para recolher o documento, mas não o encontrou em sua residência. A justificativa era de que o item estaria no gabinete em Brasília, onde não foi localizada nenhuma cópia durante a operação.

Marcos do Val é citado em investigações por tentar articular um plano para gravar ilegalmente o ministro Alexandre de Moraes em reunião com Jair Bolsonaro e Daniel Silveira, em dezembro de 2022. Ele também foi acusado de vazar documentos da CPI do 8 de Janeiro e de tentar intimidar agentes da PF por meio de postagens nas redes sociais.

As publicações foram consideradas uma afronta direta ao Judiciário e motivaram a abertura de novo inquérito. Moraes determinou o bloqueio de até R$ 50 milhões das contas bancárias dele e o fechamento de suas redes sociais por descumprimento das ordens judiciais.

Na ocasião, o magistrado considerou o comportamento do senador como “desprezo absoluto” pelas instituições e ressaltou que as punições visam garantir a integridade dos processos em andamento. Mesmo com decisão unânime da Primeira Turma do STF mantendo o bloqueio de seus passaportes em fevereiro deste ano, Marcos do Val conseguiu deixar o país.