Como Moraes destruiu a estratégia de um general ex-ministro de Bolsonaro

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 18:49
Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, participa de audiência no Senado — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

O relator do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, rejeitou nesta terça-feira (9) a estratégia da defesa do general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. A linha adotada pelo advogado Andrew Fernandes Farias buscava transferir responsabilidades a Jair Bolsonaro e sustentar que o militar teria atuado para frear medidas autoritárias do então presidente.

No voto, descrito por advogados como “duríssimo”, Moraes afirmou que não há elementos que sustentem a versão de que Nogueira tentou impedir ações de exceção. Pelo contrário, destacou que em reuniões de 2022, após a derrota de Bolsonaro, o próprio general apresentou uma minuta ainda mais ampla, que poderia abrir caminho para um golpe de Estado.

A ministra Cármen Lúcia observou que a própria defesa, ao tentar isentar o réu, reconheceu a existência de uma tentativa de trama golpista. Paulo Sérgio Nogueira chegou a comparecer presencialmente a uma das sessões do julgamento na semana passada, quando disse a aliados que buscava “defender sua honra”, mas não voltou ao tribunal.

Moraes frisou que identificava um “claro alinhamento entre Bolsonaro e Paulo Sérgio Nogueira” nos atos preparatórios do golpe. Entre os pontos citados, o relator mencionou a atuação do general na tentativa de descredibilizar o sistema eletrônico de votação.

Segundo Moraes, Nogueira retardou a divulgação do relatório das Forças Armadas que atestava a segurança das urnas, para atender aos interesses do então presidente. Além disso, destacou a nota emitida pelo Ministério da Defesa em novembro de 2022, classificada por ele como “esdrúxula”, “vergonhosa” e “criminosa”.

De acordo com o ministro, o documento divulgado pela Defesa teve como objetivo estimular a mobilização em frente a quartéis, que ocorreu após as eleições de 2022. Com o voto, Moraes descartou a principal linha de argumentação da defesa do ex-ministro, reforçando seu papel no apoio a Jair Bolsonaro durante a preparação da tentativa de golpe.