
O relator do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, rejeitou nesta terça-feira (9) a estratégia da defesa do general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. A linha adotada pelo advogado Andrew Fernandes Farias buscava transferir responsabilidades a Jair Bolsonaro e sustentar que o militar teria atuado para frear medidas autoritárias do então presidente.
No voto, descrito por advogados como “duríssimo”, Moraes afirmou que não há elementos que sustentem a versão de que Nogueira tentou impedir ações de exceção. Pelo contrário, destacou que em reuniões de 2022, após a derrota de Bolsonaro, o próprio general apresentou uma minuta ainda mais ampla, que poderia abrir caminho para um golpe de Estado.
A ministra Cármen Lúcia observou que a própria defesa, ao tentar isentar o réu, reconheceu a existência de uma tentativa de trama golpista. Paulo Sérgio Nogueira chegou a comparecer presencialmente a uma das sessões do julgamento na semana passada, quando disse a aliados que buscava “defender sua honra”, mas não voltou ao tribunal.
FORAM PEGOS NO PULO: BOLSONARO TINHA INTENÇÕES GOLPISTAS
A ministra Cármen Lúcia emparedou a defesa do general Paulo Sérgio Nogueira, que confessou que os outros réus tentavam “demover” Bolsonaro da ideia de tomar medidas de exceção. Ou seja, PROMOVER O GOLPE. pic.twitter.com/zo0Z8JwXVg
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) September 3, 2025
Moraes frisou que identificava um “claro alinhamento entre Bolsonaro e Paulo Sérgio Nogueira” nos atos preparatórios do golpe. Entre os pontos citados, o relator mencionou a atuação do general na tentativa de descredibilizar o sistema eletrônico de votação.
Segundo Moraes, Nogueira retardou a divulgação do relatório das Forças Armadas que atestava a segurança das urnas, para atender aos interesses do então presidente. Além disso, destacou a nota emitida pelo Ministério da Defesa em novembro de 2022, classificada por ele como “esdrúxula”, “vergonhosa” e “criminosa”.
De acordo com o ministro, o documento divulgado pela Defesa teve como objetivo estimular a mobilização em frente a quartéis, que ocorreu após as eleições de 2022. Com o voto, Moraes descartou a principal linha de argumentação da defesa do ex-ministro, reforçando seu papel no apoio a Jair Bolsonaro durante a preparação da tentativa de golpe.