Como, na crise, uma empresa brasileira lançou um celular top de linha barato — sem reclamar da crise

Atualizado em 5 de setembro de 2015 às 12:50
O Quantum
O Quantum

 

A cotação do dólar está em R$ 3,76, o governo Dilma estuda a retirada da isenção do PIS e do Cofins para smartphones e tudo parece ir contra o mercado de tecnologia no Brasil. E o que uma empresa novata de Curitiba fez?

Cortou gastos de distribuição, organizou vendas pela internet e lançou nesta quarta-feira, 2 de setembro, seu primeiro celular chamado Quantum GO com preço de entrada de R$ 699 à vista.

Não é necessariamente barato, mas é baixo para um smartphone top de linha, e corresponde ao modelo com conexão 3G e espaço interno de 16 GB. Por mais R$ 100, você compra um aparelho com 32 GB. A conexão 4G deixa o celular com o custo de R$ 899.

Formada por Thiago Miashiro, Marcelo Reis e Vinicius Grein, a Quantum é uma empresa que está surgindo agora, mas já possui parceria da companhia Positivo Informática em Curitiba, gigante no setor. Ao DCM, a companhia afirmou que este é o motivo por trás do preço reduzido.

“O lançamento do Quantum GO não é apenas a criação de um produto de qualidade, mas um novo modelo de negócios. Nós produzimos tudo em nossa fábrica no Paraná, evitamos importação de componentes e priorizamos as vendas online. Para quem não conhece a marca, poderá experimentar o aparelho em shopping centers”, disse Reis.

A estratégia da Quantum na fabricação do GO evitou efeitos da alta do dólar no produto final e não apelou na terceirização de tarefas, o que geraria maiores custos.

O preço de R$ 699 é justo por inúmeros fatores, a começar pelas especificações técnicas do celular. O Quantum GO tem sistema Android 5.1, memória RAM de 2 GB, processador Octacore (oito núcleos) de 1,3 GHz e encaixe para dois cartões Micro SIM para armazenar dois números de telefone.

Para comparar, o smartphone Xperia Z3, top de linha da Sony, possui um sistema operacional inferior de fábrica (Android 4.4) e ele aceita apenas um cartão SIM por R$ 1600, mais de duas vezes o custo do Quantum.

O aparelho japonês é mais caro, embora ele tenha um processador superior de 2,5 GHz, o que torna o uso dos aplicativos mais suave do que o modelo brasileiro. Os dois celulares são parecidos, com design quadrado e que abusa de vidro em sua composição, junto com acabamentos de alumínio, o que dá um aparência de sofisticado.

O preço do Quantum GO é pouca coisa mais salgada do que o Moto E da Motorola, um modelo de smartphone criado para quem não é familiar com essa tecnologia. Nas configurações, o celular brasileiro dá uma surra no modelo americano. O processador do Moto E é um Quadcore (quatro núcleos) com frequência de apenas 1,2 GHz, além de uma câmera fraca de 0,3 Megapixel. O modelo brasileiro tem sensor superior, de 13 Megapixels.

As duas comparações mostram que o Quantum pode ser uma ótima opção para quem quer comprar um celular barato e quer ter uma qualidade realmente compensadora e sem engasgos.

Na atual cotação do dólar, o aparelho brasileiro custaria cerca de US$ 186,94, muito inferior aos cerca de US$ 700 do iPhone desbloqueado nos Estados Unidos. É um preço competitivo que pode tornar o Quantum GO interessante para o público fora do Brasil.

O lançamento do smartphone mostra como é possível empreender e fazer bons negócios no Brasil, criando produtos de qualidade. “Apesar da crise”, tem gente arregaçando as mangas e fazendo acontecer.

 

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Marcelo Reis na apresentação aos jornalistas