Matheus Milanez, 33 anos, advogado do general Augusto Heleno, viu sua rotina mudar depois do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal. O mais jovem entre os defensores dos condenados tornou-se personagem de memes na internet e passou a ser procurado por clientes através do Instagram. Desde então, lida diariamente com mensagens de pessoas pedindo orientações jurídicas sobre os mais variados casos.
Entre os contatos recebidos estão desde dúvidas simples, como pedidos de absolvição em crimes da Lei Maria da Penha, até acusações graves, como casos de homicídio e ocultação de cadáver. Segundo Milanez, sua equipe analisa cada situação para avaliar a viabilidade de assumir a defesa. A popularidade digital, no entanto, também atraiu críticas e haters.
O crescimento do perfil nas redes começou após o advogado pedir a Alexandre de Moraes o encerramento de uma audiência alegando que precisava “minimamente jantar”. O episódio viralizou e rendeu a ele milhares de novos seguidores. Pouco depois, durante a sustentação oral em defesa de Heleno, Milanez voltou a ganhar destaque ao criticar a condução do processo pelo ministro. Em apenas quatro dias, seu Instagram saltou de 7,2 mil para mais de 61 mil seguidores.
A exposição trouxe reconhecimento fora do meio jurídico. Milanez afirma que seu público nas redes é formado majoritariamente por pessoas sem formação em direito, interessadas em entender os detalhes do julgamento. Ele passou a publicar vídeos explicando o processo em linguagem simples, buscando aproximar o debate jurídico da população em geral.
Mesmo surfando na repercussão, o advogado não esconde a frustração com a condenação de Heleno, que recebeu pena de 21 anos de prisão. Milanez afirma que ainda pretende recorrer em duas frentes ao STF e acredita ser possível reverter a decisão, embora reconheça as dificuldades. Caso não consiga, estuda alternativas como a prisão domiciliar, já que Heleno tem 77 anos.
Para Milanez, a fama inesperada trouxe oportunidades profissionais, mas também um novo papel público. “Ou você se irrita, ou você surfa na brincadeira. Eu decidi surfar”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo. Ele agora concilia a defesa em processos de alta complexidade com a gestão de sua imagem nas redes sociais, onde segue sendo acompanhado por dezenas de milhares de pessoas.