
Aliados de Jair Bolsonaro avaliam que o diagnóstico de câncer de pele do ex-presidente pode gerar impacto direto na discussão sobre a anistia a ele e a outros condenados pelos atos de 8 de janeiro. A leitura é de que a notícia cria um ambiente de maior solidariedade e pode ajudar a atrair votos de parlamentares que ainda estão indecisos.
“Quem está em cima do muro se solidariza e vota a favor”, afirmou um aliado de Bolsonaro, sob reserva, à coluna de Igor Gadelha no Metrópoles. A bancada bolsonarista aposta que a situação de saúde pode favorecer a pauta.
Apesar disso, líderes do grupo alertam que a situação abre apenas uma “janela de oportunidade”. Para eles, a votação do mérito precisa ocorrer rapidamente, antes que o impacto do diagnóstico perca força no Congresso.
Na quarta (17), poucas horas após o anúncio médico, a Câmara aprovou o regime de urgência do projeto da anistia, com 311 votos favoráveis e 163 contrários. O resultado deu impulso à estratégia de acelerar a tramitação.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), escolheu o bolsonarista Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator do projeto da anistia após a aprovação da urgência do texto.
A proposta usada como base concede anistia a “todos os que participaram de manifestações com motivação política e/ou eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas, entre o dia 30 de outubro de 2022 e o dia de entrada em vigor desta lei”.
Motta tem trabalhado para evitar a aprovação de uma anistia considerada “ampla, geral e irrestrita”. A articulação busca construir uma alternativa que reduza penas, mas sem eliminar completamente as condenações relacionadas à tentativa de golpe.