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Como o Fulham, da Inglaterra, pode ajudar o Palmeiras a se tornar o maior time de bairro do Brasil

O Craven Cottage, estádio do Fulham

 

Inveja branca, não complexo de vira-lata.

Se você tiver juízo, essa é a sensação ao se ver um jogo no estádio do Fulham, em Londres. O Craven Cottage fica às margens do rio Tâmisa, foi reformado em 2011 (o original é de 1886) e tem capacidade para 25 500 torcedores.

No jogo de sábado contra o Reading, pela segunda divisão, a casa estava praticamente lotada. Os ingressos mais baratos custavam 30 libras. O acesso facilitado pela proximidade do metrô, com um esquema especial de corredores montado pela polícia para os torcedores (homens, em sua maioria, mas um número notável de senhoras de idade, casais e crianças).

Vários quiosques vendem cerveja, refrigerante, chocolate quente, hot dog e sanduíche de pernil com um molho matador. Enfim, um programa quase perfeito, especialmente em matéria de logística e segurança, que enseja a velha questão: por que não no Brasil?

Onde estão os estádios de médio porte em São Paulo? Por que a necessidade de gigantismo? Veja o caso do Palmeiras e sua nova arena.

Leio que houve mais uma confusão numa partida, desta vez contra o Shandong Luneneg, da China.

Dificuldade de chegar e sair, congestionamento na Avenida Sumaré, rua Turiaçu impraticável, policiais de moto nas calçadas. O estádio é bonito, organizado. Está tinindo, não se discute. Bem localizado, ao lado do clube, cercado de gente da colônia italiana, tinha tudo para dar certo.

No entanto, você não precisa ser um engenheiro da Nasa para saber que não há como colocar 40 mil pessoas naquela área já populosa da cidade sem prejuízo generalizado.

Por que 40 mil? Por que não 25 mil, como no Craven Cottage? “Cui bono”, como dizem os latinos? (“Quem ganha com isso?”) Os únicos beneficiados com esse tipo de elefantismo são os de sempre: as empreiteiras e os cartolas.

Esse mesmo raciocínio megalomaníaco leva à construção de banheiros de mármore no Itaquerão (no estádio do Fulham há vários banheiros, um ao lado do outro, todos com apenas um grande mictório. Pias do lado de fora).

O Palestra perdeu a chance de virar a maior equipe de bairro do país, com um estádio do tamanho justo. O melhor lugar para ver futebol, no Brasil, continua sendo o estádio do Juventus, na Mooca. Quer dizer, até a hora em que algum esperto não quiser “modernizar” tudo e transformar o velho Conde Rodolfo Crespi em mais uma “arena”.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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