
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva está se preparando para lidar com a escalação de Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, como principal interlocutor nas negociações sobre as tarifas impostas ao Brasil. A designação de Rubio foi feita por Donald Trump, e segundo fontes próximas às conversas, essa decisão reflete a necessidade de um contato direto e pragmático para avançar nas tratativas. A expectativa é que o republicano siga a orientação da Casa Branca, mantendo o foco nas questões econômicas, mas sem deixar de lado tópicos politicamente sensíveis.
Entre os temas que podem ser levados à mesa de negociação estão, de acordo com analistas, questões como o julgamento de Jair Bolsonaro e as ações de regulação de redes sociais, algo que os Estados Unidos veem como censura. Essa escolha de Rubio não é vista apenas como uma estratégia para discutir o “tarifaço” de 50% sobre produtos brasileiros, mas também uma forma de estreitar o relacionamento entre os dois países, indo além das disputas comerciais.
Para o governo Lula, a indicação de Rubio é um passo importante para garantir que as negociações sejam conduzidas com um representante oficial da administração Trump, o que facilita o fluxo de comunicação. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem sido o principal interlocutor nas discussões com Washington. Em apenas uma semana, ele se encontrou duas vezes com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para tratar das questões bilaterais, incluindo as tarifas.
O primeiro contato entre Lula e Trump após a Assembleia Geral da ONU, no qual ambos destacaram a “química” entre os dois, reflete o início de uma nova fase nas relações Brasil-EUA. Embora as negociações sobre o tarifaço ainda estejam em sigilo, a expectativa é que as equipes de ambos os governos possam encontrar uma solução construtiva para o impasse, com foco em preservar os interesses comerciais, mas sem ignorar as complexas questões políticas que permeiam a relação entre os países. Com informações da Folha.