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Como o Instagram virou um fenômeno da pornografia

O Instagram, uma das redes sociais que mais crescem no mundo (80 milhões de usuários e contando), começou puro e virginal como o Facebook. Qualquer pessoa que ameaçasse uma pose mais ousada – e por ousada eu quero dizer sexy padrão anos 40 – era banida. A rede de compartilhamento de fotos perdeu o controle com o tamanho que adquiriu. Hoje, além das fotos de famílias, animais, paisagens e comida (tiradas por todo o mundo em todos os restaurantes, botecos, lanchonetes e barracas), o Instagram está sendo obrigado a lidar com a pornografia.

A gestão do aplicativo não está dando conta das imagens. Assim que um usuário é bloqueado, milhares de outros surgem com a velocidade da internet. Nos termos de uso, está escrito que o “conteúdo adulto” não é permitido. Ao ser “denunciada”, a pessoa recebe um email afirmando que ela violou as regras. “Em resumo, pedimos que você: não compartilhe fotos que não são suas; que mostrem nudez ou cujo conteúdo seja ilegal” (http://instagram.com/legal/terms/).

Pela expansão rápida do negócio, eles não estão mais conseguindo conter os ímpetos do pessoal. O pornô invadiu o aplicativo com força total. Hashtags como “instaporn”, “instapussy”, “kiksex”, “handbra” e “instasex” trazem fotos do que você imaginar, de quem você imaginar, como você imaginar. “kiksex” tinha 7700 retratos, “instabooty” 60 mil, “instasex” 220 mil. São autorretratos, na maioria, mas há cenas de relações sexuais que poderiam estar em dvds de uma banca de jornais na rua Aurora.

Se chefs e gourmets publicam instatâneos de suas delícias, modelos, atrizes e garotas de programa aproveitam para divulgar seu trabalho. Vale o mesmo para os rapazes. Algumas poucas moças, na tentativa de disfarçar a nudez completa, usam “efeitos especiais” do tipo estrelinhas e coraçõezinhos sobre as partes pudendas. Mas sobra, também, bastante bizarrice barra pesada.

O Instagram está pagando o preço de deixar de ser um produto de nicho para virar um fenômeno de público. Sem a mesma infraestrutura do Facebook, é impossível interromper o fluxo de fotografias. A equipe fixa tem apenas quinze pessoas e pelo menos 5 milhões de fotos são postadas todos os dias. Um porta-voz afirmou que a rede social “confia nos usuários para denunciar conteúdos inapropriados e nós fazemos o possível para remover o que achamos inapropriado”.

Bem, essa estratégia não está mais dando certo, para preocupação dos donos do Instagram – e alegria, pelo jeito, de milhares de pessoas.

Houve tempo em que #instapussy era isso

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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