O estúdio gaúcho Aquiris é localizado próximo da PUCRS, no antigo espaço da Ubisoft Brasil. Embora a cena brasileira de games seja composta por cerca de 300 empresas, sendo a maioria delas médias e pequenas, a companhia de Porto Alegre joga como gente grande.
Com 70 funcionários e um faturamento estimado em R$ 10 milhões, Aquiris Game Studio desenvolveu games brasileiros para grandes marcas, como Cartoon Network. Eles completaram 10 anos de história em 2017 e a vida dos desenvolvedores da empresa mudou de vez dois anos antes.
Em março de 2015, um demo chamado Retro-Racers foi lançado na internet e ganhou as atenções do público. Inspirado em clássicos de videogames como Top Gear, do Super Nintendo, o time de desenvolvimento brasileiro conseguiu que o escocês Barry Leitch participasse da criação do game.
Leitch fez o som do Top Gear original de 1992, que fez um sucesso notável no Brasil se comparado com outros países.
Retro-Racers tornou-se Horizon Chase e fez sucesso assim que foi lançado como game de corrida para celulares/tablets Android e iOS (Apple) em 20 de agosto de 2015. Trouxe uma mecânica simples de acelerar, frear e utilizar turbos, mesclando gráficos bem polidos dos automóveis (que lembram carros esportivos reais) e cenários menos carregados.
A experiência resultou num game rápido de carregar na maioria dos aparelhos disponíveis. Um jogo de alta qualidade para ser apreciado com rapidez.
Pelo trabalho feito com alta qualidade, veio o reconhecimento.
O título tornou-se um dos destaques do site Touch Arcade em 2015, além de ter sido escolha dos editores da loja da Apple no mesmo ano.
No Brazil’s Independent Games Festival 2016 (BIG), evento nacional e terceiro maior indie do mundo, Horizon foi o primeiro estúdio do nosso país a receber a premiação máxima internacional de Jogo do Ano. O game brasileiro também foi exibido em feiras internacionais como a GDC (maior de desenvolvimento do mundo, nos Estados Unidos) e a Gamescom (maior da Europa, na Alemanha).
Custando pouco mais de R$ 10, Horizon Chase foi baixado mais de 10 milhões de vezes e tornou-se um dos primeiros jogos brasileiros a ser bem-sucedido comercialmente trazendo uma ideia original. Embora revisite o clássico Top Gear, a temática das pistas, que passam inclusive pelo Brasil, são inéditas.
Não bastasse tantos reconhecimentos, Aquiris resolveu dar um passo além. Em maio de 2018 lançou Horizon Chase Turbo para PC e PlayStation 4. Uma versão para Nintendo Switch, novíssimo aparelho da gigante japonesa, foi confirmada para o terceiro trimestre deste ano, além do Xbox One da Microsoft.
O jogo brasileiro, no entanto, chega para PS4 por apenas R$ 50 numa cópia física em parceria com a Sony. Sem custos abusivos de impostos e da própria importação, o game chega por um preço muito mais palatável do que os lançamentos de R$ 250. O game, diferente das versões para celulares e tablets, também permite competições de até quatro jogadores simultaneamente na mesma tela.
O título foge da lógica que era mais comum do mercado brasileiro, que, num passado recente, apostava mais em games corporativos e para a publicidade. Nosso mercado caminha para uma produção mais direcionada ao entretenimento e com títulos originais, como é o caso de Toren, Chroma Squad, Rocket Fist, Relic Hunters e outros.
A trajetória de sucesso, tanto do Horizon Chase original quanto sua versão Turbo lançada agora, é uma combinação de nostalgia com games antigos do brasileiro e do consumidor global aliada a uma ideia simples e bem desenvolvida. É um jogo de corrida tão divertido quanto Mario Kart.
Só que, ao invés do encanador bigodudo japonês, pilota-se carros que foram desenvolvidos por brasileiros como eu e você.