Como o papa atuou na reabertura das relações entre EUA e Cuba

Atualizado em 18 de dezembro de 2014 às 16:44

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Publicado no Guardian.

 

O papa Francisco e diplomatas do Vaticano desempenharam papéis fundamentais na reabertura das relações diplomáticas entre os EUA e Cuba e a liberação do americano preso Alan Gross, de acordo com os líderes dos dois países e um comunicado do Vaticano.

O papa enviou cartas a Barack Obama e ao presidente de Cuba, Raúl Castro, no último verão. Ambos os líderes reconheceram a importância de sua ajuda em suas declarações anunciando o reatamento.

O Vaticano disse que cartas do papa exortaram os dois países “a resolver questões humanitárias de interesse comum, incluindo a situação de alguns prisioneiros, a fim de iniciar uma nova fase nas relações”.

O Vaticano também acolheu as delegações dos dois países nas conversações que decidiram a reaproximação. Kenneth Hackett, embaixador dos Estados Unidos junto à Santa Sé, afirmou que um alto funcionário do Vaticano tinha “desempenhado um papel importante neste momento histórico para ajudar a levar as negociações a uma conclusão bem-sucedida.”

O restabelecimento de relações normais entre os dois países tem sido uma causa cara ao coração de sucessivos papas, mas a questão assumiu uma importância ainda maior no ano passado, após a escolha do primeiro líder latino americano da Igreja Católica.

Uma autoridade dos EUA falou à agência de notícias Reuters: “O apoio do papa Francisco e o apoio do Vaticano foi importante para nós.”

O presidente Obama discutiu sobre Cuba com o papa durante sua visita ao Vaticano, em março, e continuou a trabalhar com a Santa Sé depois.

Fontes em Roma e Washington disseram que o arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, tinha desempenhado um papel fundamental na intermediação de um acordo. Ele também esteve em Roma em outubro e realizou uma reunião com o papa, embora não ficou imediatamente claro se foi o nome designado pelo embaixador Hackett.

O secretário de Estado americano, John Kerry, reuniu-se com o seu colega do Vaticano na segunda-feira. Mas a versão oficial das conversações, segundo o Vaticano, era que eles se concentraram nos esforços para fechar o campo de detenção americano na Baía de Guantánamo, em Cuba.

Diplomatas em Roma foram informados de que a questão das relações bilaterais com Cuba havia surgido, mas era uma pequena parte das discussões de Kerry com o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.

Kerry visitou Roma em uma viagem européia que serviu principalmente para reviver as negociações de paz entre Israel e os palestinos.

Fontes próximas ao Vaticano declararam que o para  tem o cardeal Ortega em alta conta. Francisco teve duas reuniões este ano com o prelado cubano, sendo a primeira em 5 de abril.

O mais intrigante, porém, é um compromisso especial com o arcebispo no verão passado. De acordo com Obama e Castro, o Canadá sediou conversações entre os enviados de ambos os países, o que levou até o anúncio de quarta-feira. Em 12 de julho, Ortega foi nomeado enviado especial do papa às celebrações do 350º aniversário da fundação da primeira paróquia católica nas Américas, ao norte do México — a de Notre-Dame de Québec.