Como o Projeto Guri se tornou o melhor exemplo de parceria público-privada do país

Atualizado em 27 de outubro de 2014 às 13:20

projeto guri

 

Melhor exemplo de parceria público-privada bem sucedida e maior projeto socio-cultural do país, o projeto Guri inicia o período de matrículas para 2014.

Na capital, as inscrições devem ser feitas de 27 de janeiro a 7 de fevereiro, enquanto que nos polos do interior e litoral o período de inscrições vai de 3 de fevereiro a 7 de março. Para participar, é preciso estar na faixa etária entre 6 e 18 anos, estar matriculado em qualquer instituição de ensino da rede pública ou particular. Não é necessário conhecimento prévio de música nem realizar testes seletivos.

O Projeto Guri oferece ensino musical gratuito e estimula a inclusão sociocultural para 13 mil jovens em polos da capital e Grande São Paulo sob responsabilidade da Santa Marcelina Cultura (litoral, interior e as unidades da fundação Casa ficam a cargo da própria secretaria de Cultura do governo do estado com outros 30 mil alunos).

A parceria da Santa Marcelina com a secretaria municipal de Educação permite que a música seja levada a 27 CEUs (Centro Educacional Unificado), de um total de 46 polos, mas não apenas o ensino é entregue. “Os instrumentos são fornecidos, e inclusive emprestados para o estudo em casa”, afirma Zuben. Não poderia ser diferente, o valor de alguns instrumentos tornaria o curso impeditivo para a maioria. Essa ação só é possível graças a iniciativas de doações de parceiros.

Num domingo de dezembro, sob um calor de mais de 30 graus, a totalidade dos assentos da área externa do Museu da Casa Brasileira reservada para apresentações estava tomada e ainda havia muitas pessoas espalhadas pelo gramado. No programa, Johannes Brahms, Jean-Baptiste Accolaÿ, Edvard Grieg e Oscar Lorenzo Fernandez, com regência do maestro Luis Gustavo Petri e quem executava eram meninos e meninas da Orquestra Sinfônica Infanto-Juvenil do Projeto Guri.

No restaurante anexo ao museu, uma música eletrônica no estilo bate-estaca incomodava. “A música erudita hoje está nas periferias”, disse Paulo Zuben, diretor artístico-pedagógico.

A apresentação conferida pela reportagem do DCM tinha músicos de vários polos reunidos no mesmo palco, que demonstraram uma qualidade musical surpreendente e emocionante.

Webster Silas da Silva, 18 anos, é aluno da unidade de Perus. Está no Guri há 4 anos e foi ali que começou seu relacionamento com o contra-baixo. “Foi o primeiro instrumento que vi quando cheguei no polo, sempre gostei de instrumentos graves.” Com entusiasmo, relata suas apresentações: “A gente já tocou no Teatro São Pedro e também no MASP. A sinfônica ainda não viajou para fora como o coral, mas uma hora iremos.”

Mas teria a música o poder de transformar as pessoas? A pergunta é recorrente quando se debate projetos sociais que utilizam a arte para auxiliar na reinserção e integração social.

Não vejo como relacionar de maneira direta e indissociável que alguém que hoje empunha um oboé inevitavelmente estaria carregando uma metralhadora. É uma suposição vaga. Se a música tem o poder de transformar aquele que a executa, não sei responder com convicção. Sei que transforma quem a ouve. Eu sou outra pessoa quando ouço música, disso tenho certeza.