Como o PT se prepara para aumentar bancada no Senado em 2026

Atualizado em 26 de dezembro de 2025 às 12:11
Senadores do PT. Foto: Alessandro Dantas

A disputa pelo Senado em 2026, definida como prioridade estratégica pelo PT, ao lado da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começa a ganhar contornos mais claros no campo da esquerda. A avaliação interna é que a composição da Casa será decisiva para a sustentação política de um eventual quarto mandato de Lula e para a aprovação de reformas consideradas estruturais pelo governo.

A diretriz foi aprovada pela executiva nacional do PT, que definiu o Senado como peça central do projeto eleitoral. Segundo o documento, “o Senado deve ser tratado como prioridade, uma vez que sua composição será determinante para a aprovação de reformas estratégicas”.

A partir disso, segundo o Globo, o partido passou a discutir alianças com siglas como PSB, MDB, PSD e PDT, avaliando candidaturas próprias conforme o peso eleitoral regional e o desempenho prévio em pesquisas.

O debate ganhou impulso após a recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que chegou a restringir pedidos de impeachment de ministros da Corte à Procuradoria-Geral da República (PGR). Embora parte da liminar tenha sido posteriormente revista, o episódio reforçou a narrativa bolsonarista de que o Senado deve funcionar como um contrapeso ao STF, já que cabe à Casa analisar pedidos de impeachment de magistrados.

No campo progressista, o Rio Grande do Sul aparece como o estado mais avançado nas articulações. PT e PSOL fecharam acordo para lançar Paulo Pimenta (PT) e Manuela D’Ávila (PSOL) ao Senado, nas vagas de Paulo Paim (PT), que anunciou aposentadoria, e de Luís Carlos Heinze (PP), senador identificado com o bolsonarismo e o agronegócio. Em 2026, dois terços do Senado serão renovados, com dois senadores eleitos por estado.

Pimenta ganhou projeção ao comandar um ministério extraordinário durante a crise das enchentes no estado, enquanto Manuela tem histórico de disputas majoritárias, incluindo a vice-presidência em 2018 e a eleição municipal de Porto Alegre em 2020. A disputa ao governo gaúcho também influencia o cenário, com Edegar Pretto (PT) como principal aposta da legenda.

Manuela D’Ávila, Paulo Pimenta e Jaques Wagner. Foto: reprodução

Na Bahia, o PT enfrenta um impasse ao tentar viabilizar uma chapa dupla ao Senado com Jaques Wagner e Rui Costa. O movimento gera resistência do PSD, que tem Ângelo Coronel como senador em disputa e ameaça rever alianças caso seja excluído.

Coronel foi direto ao comentar o cenário: “O nosso partido está na base do governo Lula e não estamos pretendendo fazer nenhuma mudança, a não ser que nos tirem de uma possível união”. Ele acrescentou: “O senador Otto Alencar e o presidente Gilberto Kassab sempre falam que o espaço do PSD deverá ser preservado, então, estou nessa premissa. Não tem por que um partido do nosso tamanho ficar fora de uma chapa majoritária”.

Em Pernambuco, o foco do PT é a reeleição do senador Humberto Costa. O partido avalia alianças para o governo estadual e negocia a segunda vaga ao Senado com PSD, PSB e PSOL. O deputado Carlos Veras (PT-PE) resume a estratégia: “A partir de janeiro vamos percorrer todo o estado com plenárias regionais.

A eleição ao Senado é importante para barrar a extrema-direita, que quer cassar ministro do Supremo, dar liberdade para os golpistas. É importante ampliar as cadeiras dentro do espectro popular democrático”.

Minas Gerais também é considerada prioridade para Lula, mas o cenário permanece indefinido. Marília Campos (PT), prefeita de Contagem, desponta como nome competitivo ao Senado, enquanto alianças com o PSD dependem das definições sobre a disputa ao governo estadual.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a esquerda ainda aguarda os movimentos da direita para definir suas estratégias. Em ambos os estados, episódios recentes de forte impacto político e eleitoral alteraram o cenário e reduziram o espaço de candidaturas tradicionais do campo progressista, reforçando a percepção de que a disputa ao Senado será decisiva para o equilíbrio de forças em Brasília a partir de 2027.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.